Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

sábado, 27 de outubro de 2007

DIÁRIO DE TREINADOR: Começou o campeonato

Começou hoje o meu campeonato distrital de escolas "b". Fui jogar fora e a um campo complicado, primeiro pelas dimensões (é muito grande), segundo por ser o primeiro jogo e notar que os miúdos estavam muito ansiosos e por último por ser uma equipa que já tínhamos defrontado este ano e que nos tinha ganho 3-0, embora tenha sido um jogo com características bem diferentes.

Os miúdos sentiram o nervosismo e entraram um pouco a medo, logo no primeiro remate a equipa adversária marcou. Tive algum receio que eles fossem a baixo e, passado pouco tempo numa jogada igual o mesmo jogador voltou a rematar e o meu guarda-redes fez uma grande defesa. Essa intervenção do miúdo parece que acordou a equipa e a partir daí dominaram o resto da primeira parte. Os princípios começaram a ser cumpridos e ai a equipa está forte, gosto de ver como as coberturas estão a sair tão naturalmente, assim é fácil jogarem bem. Antes do intervalo conseguiram dar a volta e ficar a ganhar 2-1 e acho que poderíamos ter conseguido mais um golo.

Na segunda parte o jogo foi mais equilibrado, deu para aguentar alguns jogadores mais tempo no banco, embora nesta idade os miúdos recuperarem rápido, quis guardar forças para o jogo da próxima quinta-feira. A minha equipa está bem a defender, embora ainda tenha de trabalhar alguns aspectos, isso deu-me alguma tranquilidade embora no final tenho havido algumas situações perigosas.

Acho sinceramente que foi um resultado justo, era um adversário difícil num campo complicado, que perante os jogos que se seguem era mesmo importante ganhar. Quero ainda salientar o espírito de grupo que se está a criar nos miúdos, gostei de os ver falar que mesmo os atletas que não foram também ganharam, principalmente um miúdo que por ser espanhol ainda não está inscrito devido à burocracia que há neste país.

Parabéns bebezinhos!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

DIÁRIO DE TREINADOR: A formação em Portugal

Se pensarmos na origem dos melhores jogadores do mundo, eles não surgiram em grandes academias, campos relvados e com botas fantásticas. Foi sim em bairros de lata, terrenos baldios e muitas vezes de pés descalços. Como explicar este fenómeno?

Esta reflexão pode levar a colocar a questão se afinal, um grande jogador é produto de fabrico laboratorial ou de geração espontânea? Muita gente irá responder que é um pouco dos dois aspectos. É verdade, mas, na origem está o talento. Depois, estarão as condições para o trabalhar. Procurando, porém, reproduzir o habitat de origem.

Em conversa com Carlos Manuel, o antigo jogador do Benfica e actualmente treinador do Atlético, surgiu o assunto futebol de formação em que ele disse que “os miúdos agora são muito robotizados”, infelizmente tenho de concordar com ele, o futebol de rua é muitas vezes referido como universidade de craques. Ora é isso mesmo que os centros de formação ou escolinhas devem procurar, reproduzir em “laboratório” esse futebol que era jogado na rua (que quase desapareceu das nossas cidades) e cruzá-lo, depois, com melhores condições de lapidar esse talento. Por isso frases como “ Joga a um - dois toques!” ou “não podes fintar tanto”, não fazem sentido no processo de formação que se quer, no início, puramente livre e experimental. O corpo deve começar a desenvolver a relação com a bola de forma natural. Só depois entra, anos mais tarde, a componente técnica, a noção do jogo no sentido colectivo mais lato do termo e suas componentes tácticas.

Nenhum talento nasce num laboratório. O treinador/formador serve primeiro para guiar, só depois para ensinar. No fundo, o craque adulto dos relvados deve ser o prolongamento do miúdo talentoso dos baldios. É hoje também claro que a formação e preparação desportiva das crianças e jovens, deve ser, substancialmente diferente da dos adultos. Para mim é estranho por isso que exista ainda quem não compreenda esta questão e que trabalhe com jovens como se fossem adultos e muitas vezes essa situação leva a que os jovens percam o gosto pela prática desportiva.
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É pena os clubes não se preocuparem mais com estas questões e que coloquem à frente da sua formação gente que não mostre a mínima competência para o cargo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Duas realidades diferentes

Através das minhas incursões no mundo do futebol de formação conheci um treinador brasileiro de seu nome Nivan Ferreira Gomes.

Nivan Gomes iniciou a sua carreira como treinador anos 42 anos na Austrália, no Granville Chile Soccer Club, uma equipa da comunidade Chilena em Sydney, após encerrar uma longa carreira como jogador. Durante 10 anos ajudou a aumentar nível e o reconhecimento que hoje tem o futebol Australiano, comprovado pela excelente performance que teve no último Campeonato do Mundo na Alemanha. Em 1990/1995 ingressou no futebol de formação do Club Marconi, o Clube da comunidade Italiana, este na Primeira Divisão, onde teve como atletas o Guarda-Redes Mark Schweizer e o Extremo Direito Lucas Niel, presentes na última edição do mundial de futebol.
No Seu regresso ao Brasil, Nivan Gomes, trabalhou nas camadas jovens de vários clubes da primeira divisão do futebol brasileiro. Estagiou, em 1994, com Telé Santana, ex-técnico da Seleção Brasileira nos Mundiais de Espanha (1982) e México (1986).
Em 1999 fez parte do projecto da selecção brasileira de Sub-17 que se sagrou campeã mundial na Nova Zelândia. Ultimamente foi coordenador do futebol de formação da Sociedade Desportiva Matonense, onde também exercia o cargo de treinador da equipa de Sub-20.
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Gosto de conhecer as várias realidades, por isso, naquela que pode ser considerada uma pequena entrevisa, pedi para me descrever o futebol jovem na Austrália e compará-lo com o brasileiro. "O futebol Australiano sofre uma grande influência do futebol Europeu, especialmente da Inglaterra, isto é, um futebol duro e com muita velocidade, onde praticamente não se trabalha a bola sector intermédio, é aí que eu entro, na procura de introduzir um pouco do futebol brasileiro onde se pretende valorizar a posse de bola" refere.
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"Outro aspecto interessante do futebol australiano é a sua cultura, a maioria dos desportos são praticados com as mãos, rugby,cricked, netball, aussieroos, etc. É muito fácil encontrar Guarda-Redes de excelente qualidade para um país com uma população de 20 milhões de pessoas. Já o Brasil tem expressão cultural muito forte que vem da dança, samba, capoeira, maracatu, frevo, etc, por isso tem historicamente excelentes dribladores como são os casos de Garrincha, Julinho, Pelé, Denílson, Robinho, entre outros. Só ultimamente os seus Guarda-Redes começam a ter um nível aceitável" prosseguiu.
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Falando mais em concreto do futebol de formação do Brasil o técnico tem uma opinião curiosa. "Aqui [Brasil] é assim mesmo, eles não dão a devida importânciaa formação do atleta. O Brasil é a potência no futebol à custa exclusivamente do talento de nossos jogadores, porque se fosse depender de nosso organização, isso não seria possivel".
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Neste momento, Nivan Gomes, tem como ambição conseguir trabalhar em Portugal num projecto relacionado com o Futebol Jovem. " Eu gostaria muito de ter uma opotunidade no futebol Português, para trabalhar na formação de jovens atletas, aqui no Brasil isso não tem a devida consideração, trabalhamos muito e não ha reconhecimento, os atletas são formados, vão embora e nós continuamos sem o merecido reconhecimento" concluiu.
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Desejo-lhe a melhor sorte!

Foto: Telé Santana e Nivan Gomes

Nivan Gomes – Treinador Profissional de Futebol
Conselho Federal de Educação Física – CREF4/SP 53189P
Sindicato dos Treinadores Profissional do Estado de São Paulo – Brasil
Para contatos:
nivan_Gomes@yahoo.com

Website: http://www.linkedin.com/in/brazilianfootballcoach

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Sugestões para temas

Quero deixar-vos um desafio!
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Com o intuito de ir ao encontro das vossas preferencias e quem sabe cativar mais pessoas, gostaria que me deixassem as vossas sugestoes para possiveis temas a abordar neste meu espaço.
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Aguardo as vossas opiniões!
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Um Abraço

terça-feira, 9 de outubro de 2007

DIÁRIO DE OBSERVADOR: Triste atitude


Esta semana estive presente num torneio de sub-11 (Escolas), apesar se não ir em trabalho "oficial" posso considerar que iniciei o meu bloco de notas. Uso esta expressão porque tenho um bloco onde escrevo os nomes dos miúdos que me suscitam interesse e todas as informações relevantes dos jogos e torneios que observo. O bloco deste ano já não está mais em branco.

Quero apenas referir uma situação que me fez pensar como os adultos estragam o prazer que os miúdos têm em "jogar à bola". No decorrer do torneio fiquei do lado oposto aos bancos de suplentes e, junto a mim estava um pai de um dos miúdos que estava a jogar nesse momento. Enquanto o treinador dava instruções aos jogadores de um lado, esse pai esteve constantemente a falar com os jogadores do lado oposto e por vezes dava indicações contrárias ao treinador, o que mais me custou foram os modos como ele se dirigia aos jovens, muitas vezes com palavras que nem com adultos se devem pronunciar.

Ora enquanto a "sua" equipa foi ganhando tudo parecia bem, o pai estava bem disposto, mas assim que a sua equipa perdeu instalou-se a confusão. Começou a insultar tudo e todos, os miúdos e o árbitro que estavam nesse jogo tiveram de continuar em campo pois esse "senhor" colocou-se à entrada do mesmo de cabeça perdida. Em alguns miúdos era visível o medo. Só após vários pais dessa mesma equipa o conseguirem acalmar e deslocar para outro lugar os jovens puderam sair. Os atletas dessa equipa como é natural iam tristes mas houve um que chorava enquanto tinha a cabeça baixa. Vim a saber que era o seu filho!!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

DIÁRIO DE TREINADOR: 3º Jogo Particular - Plantel definido

Realizei hoje o meu 3º jogo particular e o resultado desta vez não foi positivo (0-3) mas gostei mais deste encontro, que teve algumas especificidades, do que do anterior.

Utilizei este jogo, devido a ausência de alguns jogadores lesionados e outros que foram passar este fim de semana alargado fora, para utilizar alguns jogadores das nossas escolas de formação e vindos de outros clubes com a esperança de encontrar o elemento que faltava para ficar com o plantel completo. No final fiz a minha escolha e foi pena ver a tristeza dos miúdos que não foram seleccionados. Como eu gostaria de ficar com todos.

Falando do jogo em concreto, fiquei um pouco chateado no início porque, com a confusão que foi organizar este jogo não tive oportunidade de ter a habitual conversa com os jogadores antes do jogo. Comecei com os atletas que já faziam parte do plantel e a equipa iniciou melhor do que eu esperava. Gostei muito de ver os miúdos a cumprirem os princípios de jogo, penso que nessa altura fomos ligeiramente superiores. Aos 5 minutos comecei as trocas de jogadores já que cada parte teve a duração de apenas 15 minutos. Aí começamos a perder o domínio de jogo, embora ache que foi muito por culpa da outra equipa que estava bem organizada e não tanto pela alteração dos jogadores. A primeira parte acabou com o resultado de 0-2.

Como o meu principal objectivo era ver os novos jogadores, a mesma equipa que acabou o primeiro tempo iniciou o segundo e gostei dos miúdos, mostra que se está a trabalhar bem nas nossas escolas. A segunda parte acabou com os miúdos que fazem parte da equipa e voltou a ficar muito equilibrado o jogo. Não gostei tanto da nossa segunda parte pois alguns jogadores, devido ao resultado, ficaram um pouco individualistas.

Como conclusão dou os parabéns à equipa "adversária" que foi uma justa vencedora e quanto à minha equipa posso dizer que fiquei satisfeito e agora sim finalmente tenho o plantel definido. Até para a semana!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

DIÁRIO DE TREINADOR: Excelente atitude

Fui ver um jogo de treino de juniores, Linda-a-Velha - Atlético, que se realizou segunda-feira a por volta das 20H30. Como já referi anteriormente, gosto de ir ver estes jogos e treinos que teoricamente não têm interesse. Desta vez houve algo que me agradou particularmente.

Durante o decorrer do jogo o árbitro assinalou uma falta a favor do Linda-a-Velha, o jogador do atlético não concordou com essa decisão e protestou, chegou mesmo a pontapear a bola para longe. O treinador prontamente reprovou essa atitude e o jovem, sem ser preciso dizer, logo se deitou no relvado e realizou algumas flexões. Esta situação mostra que é recorrente este comportamente e esta preocupação em evitar os protestos às decisões dos arbitros.

Em resumo, excelente atitude mostra este técnico.