Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Mais duas vitórias

Infelizmente ando com menos tempo para actualizar o blogue, assim, apenas hoje irei falar dos meus jogos do fim-de-semana.

Esta semana a equipa A defrontava uma equipa que teoricamente não iria apresentar grandes dificuldades, já a equipa B iria defrontar uma das equipas mais conhecidas do futebol português, equipa essa sempre favorita aos primeiros lugares dos campeonatos onde participa.

Para o jogo da equipa A o principal critério de escolha dos jogadores foi, os minutos já jogados no campeonato, desta forma os que menos jogaram tinham agora a oportunidade de estar mais tempo em jogo, mostrando como está a ser o seu desenvolvimento.

Confirmou-se, a equipa adversária criou poucas dificuldades e o resultado ao intervalo já era dos mais dilatados da época, vai ser um campeonato muito complicado para aqueles miúdos, irão acabar goleados diversos jogos…

Conseguimos a maior goleada da época e com o meu guarda-redes a ser apenas um espectador do jogo que tocou uma vez na bola num atraso do defesa.

Esta semana todos esperavam pelo jogo da nossa equipa B, admito que eu também, ia ser a maior prova de fogo até agora para esta equipa que ainda não tinha sofrido golos.

O jogo começou com a minha equipa a tomar a iniciativa, a pressionar, a dominar o jogo criando algumas situações de perigo e mantendo a nossa segurança defensiva. No decorrer da primeira parte os adversários equilibraram o jogo, o nosso domínio não foi tão visível e o intervalo acabou por chegar com o resultado de 0-0.

No balneário tentou-se transmitir aos miúdos que eles conseguiam ganhar este jogo, bastava aumentar um pouco a velocidade que conseguiríamos criar muitos desequilíbrios aos adversários.

A segunda parte começou da mesma forma, com o equilíbrio no jogo mas, com o passar do tempo, voltámos a dominar e a dez minutos do final conseguimos finalmente o golo que já era mais do que merecido. Ambas as equipas sentiram este golo, e nos minutos seguintes aumentámos a nossa vantagem com mais dois golos conseguindo assim uma vitória justa, que mostra mais uma vez a qualidade desta equipa e destes miúdos.

Foi mais um fim se semana com duas vitórias. A equipa A já está isolada no primeiro lugar o que faz com que tenha de ter uma conversa séria com os miúdos para não alterarem a forma de treinar pensando que já está tudo resolvido. A equipa B, essa continuar a surpreender, 5 jogos e continua sem sofrer golos é fantástico e tem servido para motivar os miúdos a continuarem a trabalhar sempre com grande intensidade.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

CRÓNICA SEMANAL: Escolher um líder indicado

Hoje a maioria dos clubes denomina os lideres, ou por outro nome os coordenadores, para os diversos departamentos em funcionamento no clube. Liderança é inclusive uma palavra muito em voga no mundo do futebol, infelizmente nem sempre pelas melhores razões.

Muitos desses líderes têm uma noção errada do que tem de ser uma liderança, há uns tempos li num artigo de Goleman onde se dizia que,"liderança não é dominação, mas a arte de convencer as pessoas a trabalhar para um objetivo comum". É neste ponto que penso que tem existido problemas em diversos clubes.

Mas porque estou eu com esta conversa hoje? Porque penso que tem de existir também uma maior preocupação com a escolha destas pessoas, que não pode ser so aquele pessoa que está ali apenas por que é amigo de X e que tem como objectivo a promoção pessoal. São cada vez mais necessárias pessoas que queiram por o interesse do clube em primeiro lugar.

Outro dos problemas é denominar as pessoas para os cargos de liderança apenas pelo nome. De que me vale colocar uma pessoa muito conhecida à frente de um departamento se essa pessoa não souber quais as funções a desempenhar, qual a realidade que vai ter? O que acontece, é que essa pessoa como lider, vai colocar o trabalho todo nos ombros dos seus funcionários que, na maioria das vezes, têm o dobro da competência para o desempenho dessas funções, quando a palavra a ser utilizada seria colaboradores. E depois como é possivel essas pessoas andarem motivadas? Infelizmente estamos num mundo que nos leva a continuar em funções que não gostamos, onde não nos sentimos bem, apenas pela questão financeira. Será que o trabalho assim é bem feito? Por vezes sim, ainda há muita gente com gosto pelas suas funções, com profissionalismo.

Esta reflexão esta semana era bom que fosse lida pelos Presidentes de clubes, empresas, são essas as pessoas que têm de ter cuidado com as pessoas que escolhem como líderes, não olhem só para os nomes, escolham alguém com motivação, que conheça a realidade onde vai ser inserido, com ideias novas e capacidade de as por em prática em vez de mandar os outros resolverem os problemas que são de sua competência, alguém que conheça formar uma equipa no verdadeiro sentido da palavra, onde todos rumem para o mesmo lado de forma a alcançar as metas e objectivos traçados.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Objectivos novamente conseguidos.

Esta semana as duas equipas jogavam com o mesmo clube, assim foi-me possível acompanhar os dois jogos mesmo jogando fora de “nossa casa”.

A nossa equipa A iria defrontar uma equipa que também ainda não tinha perdido, tinha melhor ataque e melhor defesa em comparação connosco, ou seja, ia com toda a certeza ser um jogo complicado e dessa forma seria mais uma oportunidade de confirmar a evolução dos miúdos.

O jogo começou praticamente com o nosso primeiro golo, quando estas situações acontecem nunca sei como os miúdos reagem, por vezes conseguem logo a tranquilidade necessária para dominar o jogo do princípio ao fim, outras descansam à sombra do golo e a exibição não é a melhor.

Felizmente confirmou-se a primeira hipótese e a nossa equipa dominou totalmente o jogo embora em alguns períodos não tenha praticado o futebol pretendido. A equipa adversária, vendo que nós saíamos sempre a jogar, pressionava logo individualmente, de modo a criar dificuldades e a tentar recuperar logo a posse de bola, o campo era pequeno e é natural que esta estratégia lhe traga benefícios. Felizmente os meus miúdos estão com uma óptima atitude e continuaram a seguir à risca o nosso modelo de jogo, a sair a jogar pelas nossas referências, incrível como o outro treinador culpava os seus miúdos e lhes gritava, mas os miúdos seguiam à risca o que ele lhes diziam, a minha equipa é que está preparada para estas situações e continuávamos a conseguir jogar. Quando chegou o intervalo já tínhamos uma vantagem que dificilmente seria anulada, o objectivo era assim marcar mais golos para que eles ficassem com mais golos sofridos que nós no campeonato e claro, nós não poderíamos sofrer.

O objectivo foi conseguido, mostrámos uma boa organização defensiva, o nosso guarda-redes apenas fez uma defesa a um remate de meia distância, neste momento ao fim de 4 jornadas apenas sofremos um golo de bola corrida, os restantes foram de bola parada (foi o primeiro jogo em que não foi marcado um penalty contra a nossa equipa).

O jogo da nossa equipa B teoricamente seria mais acessível, eles juntaram os melhores na equipa A para tentarem obter um resultado positivo.

As nossas previsões confirmaram-se, os miúdos da equipa B adversária não eram tão agressivos na nossa saída de jogo e foi mais fácil para nós colocarmos a nossa forma de jogar em campo. Desta forma, a nossa vantagem foi-se alargando aos poucos e o objectivo passou logo a ser continuar sem sofrer golos.

Mais uma vez os objectivos foram alcançados, esta equipa em 4 jogos oficiais ainda não sofreu golos, é incrível para miúdos desta idade o que mostra que estão a trabalhar bem e que o processo de evolução destes miúdos está a ser conseguido.

Para a semana haverá mais dois testes para estes miúdos, serão dois jogos importantes onde serão traçados diferentes objectivos para cada equipa sempre a pensar na evolução dos miúdos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

FUTEBOL JOVEM E O MUNDO: ACV

Esta semana resolvi ir até à Alemanha e falar do ACV um clube amador que tem como treinador da equipa de sub-15 o técnico Bas Harsema.

O ACV tem sido um clube que se tem mantido na primeira divisão amadora e assim pensam continuar nos próximos tempos. Já os sub-19 jogam na segunda divisão amadora e o clube pretende colocar os sub-17 e sub-15, no mesmo patamar.

Neste clube alemão o grande foco de trabalho são as habilidades técnicas, especialmente nas camadas mais jovens como os sub-9, sub-11 e sub-13. Esta visão começou a alguns anos atrás nos sub-9 e hoje esses jogadores estão nos sub-13 e pode-se concluir que são muito mais dotados tecnicamente. Já os sub-15 não tiveram tanto treino técnico este anos, a partir deste escalão o clube aposta mais na vertente dos resultados enquanto nas camadas mais jovens a aposta é na técnica e no divertimento.

O clube continua a querer estruturar melhor o trabalho na formação. Os sub-9, sub-11 e sub-13 terão ainda mais reforço na parte técnica, os sub-15 irão trabalhar a vertente específica do jogo. Harsema dá-nos exemplos do que isto significa, “Os defesas por exemplo necessitam de movimentos diferentes em relação aos médios ou avançados. Estou a treinar nos sub-15 movimentos que eles podem usar em certas posições e alturas do jogo. Técnica não é apenas driblar, é também passe, remate e controlo de bola. Os sub-19 e sub-17 estão a treinar situações de 1x1 e 2x2 que inclui técnica mas não só”

O técnico salienta que a técnica não é um objectivo, mas sim um propósito, temos de fazer os jogadores entenderem que o que interessa é a eficácia e não o espectáculo. Por exemplo, “se um jogador fizer os 100 metros em 10 segundos a sua principal arma será sempre a velocidade apesar de trabalharmos a vertente técnica”.

No inicio de cada treino o treinador começa com um base apenas de maneira aos atletas ficarem prontos para a actividade física. Depois é escolhido um exercício da metodologia do treinador, onde são formados grupos de oito jogadores. Harsema a seguir aplica um exercício mais intenso onde o passe e as oportunidades de finalização são constantes. Para terminar o treino existe uma situação de 2x2 ou 3x3 onde o ideal é surgirem diversos dribles. Quando treinam três vezes por semana, duas sessões são reservadas para as habilidades técnicas, mas de modo a manter os atletas motivados é promovida uma enorme variedade de exercícios, o restante treino é para jogo formal pois segundo o técnico os jogadores têm de estar aptos a aplicar as habilidades técnicas em jogo.
O último treino da semana e o aquecimento antes do jogo consiste numa situação de 11x0. Das diferentes posições os jogadores executam passes e movimentos típicos dessa posição.

Mais uma vez podemos ver que os clubes independentemente do país, se são ou não profissionais, dão cada vez mais importância à técnica. Apesar de ser da opinião que não se pode separar a técnica das restantes vertentes, entendo que o que estes técnicos querem dizer com isto, na formação é importante os miúdos aprenderem estas habilidades e nada melhor que estes exercícios de 1x1, 2x2 etc.

Não quero com isto dizer que concordo com tudo o que aqui foi dito, mas não é esse o objectivo, com toda a certeza faria algumas coisas de maneira diferente mas, neste momento, apenas quero continuar a conhecer novas realidades e formas de trabalhar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

CRÓNICA SEMANAL: Dirigismo em Portugal


A semana passada, depois de um jogo onde a minha equipa conseguiu uma vitória importante no terreno de um adversário difícil, um dirigente da equipa contrária começou a implicar com tudo o que dizia respeito à nossa equipa, desde os jogadores festejarem a vitória, os pais que não deveriam ter tirado fotos, etc. Esta situação levou-me hoje a falar dos dirigentes desportivos.

Não há dirigente que não queira marcar o seu mandato de alguma forma, principalmente através de infra-estruturas que perdurem no tempo, novas sedes, bancadas renovadas, ou seja, não importa, o importante é investir.

Acho importantes estes investimentos mas o que acontece é que por diversas ocasiões, estes dirigentes, que justificam a necessidade destes investimentos financeiros, são aqueles que contam os euros na hora de contratar agentes competentes que organizem, planeiem e orientem o trabalho nas diferentes vertentes da actividade desportiva dos jovens.

Assim, podemos concluir que o betão pode ser caro mas os recursos humanos têm de ser o mais barato possível, ou seja, tudo serve, gente sem formação, ou com cursos de fim-de-semana, alguém indicado por aquele amigo, aquela pessoa a quem se deve um favor… O importante é ter os nossos miúdos entretidos a pagarem as mensalidades.

Sou da opinião que o principal investimento a ser feito para benefício dos nossos jovens é na maior qualidade possível dos agentes que estão directamente em contacto com eles e que têm um impacto enorme no seu desenvolvimento desportivo e pessoal, mas eu sou apenas mais uma pessoa dependente da vontade dos dirigentes.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: É necessário melhorar alguns aspectos

Esta semana tinha mais dois jogos complicados, na equipa A defrontava o adversário que estava à nossa frente, apesar de ser apenas devido à diferença de golos, a equipa B iria jogar contra um misto de jogadores de 98 e 99.

Para cada equipa foi definido um objectivo particular, a primeira teria de manter o nível da jornada passada, a segunda teria de continuar sem sofrer golos.

No primeiro jogo conseguimos rapidamente ganhar vantagem, mas a nossa forma de jogar não estava a aparecer, a exibição não estava a ser muito positiva. Acabamos a primeira parte com uma vantagem muito confortável, mas como treinador não estava nada satisfeito com o nosso jogo e foi isso que disse aos miúdos no intervalo onde já tinha no balneário também os jogadores que iriam jogar pela equipa B e que assim, ouviram o “sermão” também.

Na segunda parte entrámos muito fortes, claramente o melhor período do jogo e em 4 minutos marcámos 3 golos. Infelizmente depois voltámos a baixar a intensidade de jogo, os miúdos deixaram de ter tantas preocupações com o posicionamento em campo e o jogo ficou novamente confuso. Acabámos por alcançar a maior goleada da época, mas dos 3 jogos oficiais foi o que menos gostei, também é verdade que a exibição da semana passada tinha elevado as minhas expectativas.

Resumindo também tenho de trabalhar a parte psicológica dos miúdos, não podem abrandar e esquecer a nossa forma de jogar sempre que o jogo se torna fácil.

Para o segundo jogo motivámos os miúdos para continuarem sem sofrer golos, é um aspecto muito positivo e que queremos prolongar o mais possível.

O jogo começou de uma forma calma, com os nossos miúdos a manterem a posse de bola com segurança, na procura dos desequilíbrios da equipa adversária. Sempre que conseguíamos criar esses mesmos desequilíbrios, os miúdos aumentavam a velocidade de jogo de uma forma extraordinária criando sempre lances perigosos.

O intervalo chegou já com a nossa equipa com uma vantagem que permitia gerir o jogo na segunda parte e continuar com a nossa grande segurança defensiva. Conseguimos mais alguns golos, mas um aspecto importante foi, conseguir ficar mais um jogo sem sofrer golos, embora a equipa adversária tenha criado duas ocasiões de golo que serviram para alertar os miúdos que em nenhum momento podemos esquecer os nossos objectivos.

Assim, foi mais um fim-de-semana positivo com mais duas vitórias, continuando as duas equipas no caminho que foi traçado.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Fim-de-semana muito positivo

Esta semana tinha dois jogos muito importantes. A equipa A iria jogar a um campo difícil, de um dos candidatos a passar para a próxima fase, já a equipa B nós sabíamos que ia defrontar um clube que iria levar a equipa A (jogadores mais velhos).

Nestas ocasiões de jogos fora, apenas consigo acompanhar uma equipa, assim apenas vou ao jogo da nossa equipa A.

Tentei motivar os miúdos para este encontro importante, conseguir uma vitória naquele campo era um passo importante para o nosso objectivo de passar à próxima fase A. O jogo iniciou com a minha equipa a dominar completamente o encontro e a jogar muito bem. Estou muito satisfeito com a grande evolução destes miúdos, tem sido impressionante. Demorámos a conseguir concretizar a nossa superioridade em golos, apenas a meio da primeira parte surge o primeiro já depois de uma bola ao poste. Há um ditado que diz, “só custa o primeiro”, hoje confirmou-se, em 5 minutos marcámos 4 golos e assim ficámos com uma vantagem grande e com o jogo na mão. A partir desta altura os miúdos abrandaram um pouco, a nossa forma de jogar já não foi tão visível e as coisas já não nos saíram tão bem, mesmo assim a equipa adversária não criou qualquer situação de perigo.

Ao intervalo tentem mostrar ao miúdos que ainda havia muito jogo pela frente, que queria que eles continuassem a seguir os nossos princípios e que gostava de continuar a aumentar a vantagem, seria uma grande vitória.

A segunda parte não foi tão conseguida, também confesso que optei por deixar mais tempo em campo alguns jogadores que ainda precisam melhorar alguns aspectos, experimentei jogadores em outras posições, etc. Assim o domínio não foi tão grande como na primeira parte. A equipa contrária apenas por uma vez conseguiu criar perigo tendo nessa jogada conquistado um penalty que acabaria por concretizar, foi o único remate à nossa baliza! Excelente vitória!

No final do jogo tentei logo saber como estava a nossa equipa B, era um enorme teste para estes miúdos jogarem contra uma boa equipa e composta por jogadores um ano mais velhos. O resultado foi de 1-0 para nós. Fantásticos estes miúdos, estão muito bem e estão a fazer um grande inicio de campeonato, ainda sem sofrer golos!

Desta forma foi um fim-de-semana extremamente positivo com duas vitórias muito importantes, agora é conseguir que os miúdos continuem a trabalhar da mesma forma e não deixar que estes resultados influenciem a atitude.