Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

CRÓNICA SEMANAL: Que exemplos proporcionamos aos nossos jovens?


Confesso que esta semana não sabia do que falar até que num treino ouvi um miúdo dizer um palavrão. Prontamente o reprimi e o fiz entender que aquela atitude não era correcta. Depois do treino pensei neste episódio.

Como podemos exigir aos miúdos que não digam estas palavras se quando vemos um evento desportivo na televisão, particularmente o futebol, normalmente é visível e algumas vezes audível este tipo de palavras ou piores? Sejam essas palavras dirigidas aos árbitros, colegas, adversários ou até como descarga para um lance menos conseguido, no fundo podemos mesmo considerar um acto banal. Pior ainda há quem encare isto como uma normalidade…

Desta forma é normal que estas atitudes se comecem a generalizar, principalmente aos mais jovens, que têm os desportistas como modelos e assim sendo, como um comportamento socialmente aceitável.

Mais grave ainda, como já relatei em outros textos, é este palavrão estar inserido na relação treinador-atleta, muitas vezes como uma forma de marcar a sua autoridade perante os jovens. Tenho para mim que a melhor maneira de mostrar essa autoridade é através da competência técnica e da gestão do relacionamento interpessoal.

Penso que este é um assunto que merecia alguma reflexão por quem de direito, para que os nossos jovens tenho melhores modelos a seguir.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Inicio do campeonato

Finalmente iniciou o campeonato, confesso que já estava ansioso pela parte competitiva e queria ver como os miúdos se adaptavam.

Nesta primeira jornada as duas equipas jogavam em casa, felizmente o sorteio proporciona que sempre que jogamos em casa as duas equipas estão juntas, o que me permite acompanhar todos os miúdos. Os nossos adversários desta semana tinham muita qualidade, já me tinha informado sobre as equipas e tinha recebido excelentes indicações.

Em primeiro lugar jogava a equipa composta por miúdos mais velhos. Iniciámos os jogo muito bem, a cumprir os princípios do nosso modelo de jogo e dessa forma conseguimos marcar dois golos exactamente da mesma forma, foi engraçado como os miúdos que estavam no banco se aperceberam disso e como entenderam que a movimentação do modelo de jogo saiu praticamente na perfeição.

A seguir ao segundo golo a equipa baixou de intensidade, começámos a não ter tanta preocupação com a posse de bola e num lance infeliz de um dos nossos defesas o árbitro assinala correctamente grande penalidade que acabaria por ser concretizada. Acho que serviu de alerta para os miúdos e com a palestra no intervalo eles assimilaram que só se preocupando com a nossa forma de jogar o jogo se ia tornar simples. Assim foi, voltámos a cumprir bem os nossos princípios de jogo e no final alcançámos uma vitória justa, confortável e importante para iniciarmos da melhor forma o campeonato.

A segunda equipa apresenta para mim, enquanto treinador, menos preocupações, como é o primeiro ano de competição de muitos deles, foi mais fácil introduzir a minha forma de jogar, as minhas ideias, os mais velhos vinham com alguns “vícios” dos diferentes clubes onde jogaram e que tenho de desfazer.

O segundo jogo correu muito bem, apesar de termos tido alguma dificuldade em finalizar as inúmeras oportunidades de golo na primeira parte, na segunda esse aspecto correu melhor e acabámos por conseguir uma vantagem dilatada e uma excelente vitória para este grupo de miúdos com um enorme potencial.

Foi um fim-de-semana muito positivo, com duas vitórias importantes, mas acho realmente que ainda há muito a fazer, há muitos aspectos que temos de melhorar, para a semana teremos mais dois jogos muito complicados e que era importante conseguir um bom resultado.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

FUTEBOL JOVEM E O MUNDO: Sparta de Roterdão


Adicionar imagemMais uma viagem, desta vez até a um país conhecido pela sua formação, a Holanda e mais concretamente até Roterdão para conhecer o Sparta e Cláudio Braga, coordenador do futebol jovem e treinador da equipa de sub-13.

Para começar a falar deste clube e deste treinador nada melhor que deixar uma frase do mesmo que, será a base deste pequeno artigo. Assim, Braga refere “ Como treinador dos sub-13 gasto muito tempo no 4x4. Eu não por base de trabalho, o jogo, assim, nunca digo: isto correu mal na última semana, por isso vou treinar este aspecto. As nossas escolhas para as sessões de treino são baseadas, num processo, em que tentamos melhorar os nossos jogadores na manutenção e recuperação da posse de bola”

Para Cláudio Braga o 4x4 é perfeito. O treinador refere que dependente do objectivo pode fazer umas pequenas variações do 4x4 tipo. Um dos exemplos é quando o treinador pretende trabalhar a manutenção da posse de bola e a variação do centro de jogo, aí por exemplo coloca 4 pequenas balizas, dá mais largura ao jogo e menos comprimento. Desta forma podemos ver que é a organização do exercício que conduz ao objectivo pretendido.

Para Braga é claro que enquanto treinador pode dizer aos jogadores para fazerem isto ou aquilo mas, na sua opinião, é melhor quando o próprio exercício os leva para essas conclusões para que num jogo os atletas possam reconhecer estas situações e resolvê-las da melhor forma. Esta forma de actuar não impede que antes dos jogos estes aspectos não sejam relembrados na palestra quer à globalidade dos jogadores quer individualmente.

Estes exercícios, apesar de ter sido dito que conduzem ao objectivo, não fazem com que o treinador se isole, mantendo-se activo. Como treinador de uma equipa de sub-13 Cláudio Braga acha necessário estar particularmente atento aos aspectos técnicos como, passe, recepção, remate, etc. Os atletas devem sempre possuir uma boa relação com a bola, já que esse é um aspecto central nos sub-9 e sub-11 embora sejam um aspecto continuadamente trabalhado. Mais uma vez o treinador refere que na sua metodologia de 4x4 este aspecto é muito trabalhado introduzindo algumas condicionantes sem os atletas se aperceberem.

Em relação à aprendizagem dos seus jogadores em relação a um determinado aspecto da sua forma de jogar o treinador tem uma frase interessante, “o processo é engraçado de ver. Para nós adultos são coisas lógicas, para eles são o ABC. Por diversas vezes pensamos: como é que não entendem isto? Mas jogadores desta idade estão a aprender e precisam de espaço e tempo para se desenvolverem”.

Como “aquecimento” é utilizado exercícios de 1x1 ou algum exercício utilizando a metodologia de Wiel Coerver. Esta a forma encontrada por este técnico do Sparta de Roterdão para desenvolver os seus jovens nesta parte especifica complementando com o 4x4.

Como estamos a lidar com jovens sub-13 é importante fazer de cada momento um momento de futebol, desde que entram em campo até que saem temos de estar focados no futebol.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

CRÓNICA SEMANAL: Valorização da disciplina

Um destes dias tive uma conversa com um colega que vai iniciar agora um trabalho ligado ao futebol de formação, e, a dada altura, sou questionado como costumam ser tratados os casos de indisciplina nos escalões de formação.

Sou da opinião que a Indisciplina deve ser combatida logo nas camadas jovens, como refere o Prof. Sidónio Serpa, se não o fizermos corremos o “risco de padronização de comportamentos desviantes”.

Mais uma vez importa referir que muitas vezes os jovens são formados tendo por base o futebol sénior isto é, têm de produzir resultados, por isso muitas das vezes “Quando surgem comportamentos de indisciplina, desviantes, os jogadores, se têm um aparente potencial desportivo grande, conseguem que isso seja desvalorizado em função do contributo técnico. Os critérios de desenvolvimento são técnicos”.

Desta forma não estaremos a dar um reforço positivo a uma atitude negativa? Não estão os jovens a sentir-se protegidos já que não há uma punição?

Não quero com isto dizer que os árbitros devem mostrar cartões com mais frequência, aliás nem concordo com isso nos primeiros escalões de competição, mas penso que deve existir uma “punição didáctica”, isto é, que os árbitros tenham conversas com os jogadores, que depois nos relatórios seja referido que aconteceu esta ou aquela situação para que se possa valorizar os clubes mais disciplinados.

Há ainda um aspecto importante, por diversas vezes são os próprios treinadores, dirigentes, pais, etc, que promovem essas atitudes antidesportivas nos jovens que seguem esses modelos…

Assim, penso que é necessária a existência de regulamentos específicos nos escalões de formação que valorizassem o fair-play e a disciplina das equipas. Porque não fazer um ranking do fair-play com a ajuda dos árbitros? Porque não atribuir pontos às equipas que se revelassem mais disciplinadas? Há um site desportivo que elabora um ranking do futebol de formação, será que a disciplina entra nesse ranking ou apenas os resultados desportivos? Será que formar é só resultados desportivos?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

FUTEBOL JOVEM E O MUNDO: Tottenham Hotspur FC

Está de regresso a categoria Futebol Jovem e o Mundo e desta vez com uma viagem a Inglaterra para falar do Tottenham Hotspur FC e do director da academia do clube John McDermott.

McDermott refere que o papel da academia tem de ser tentar levar os jovens até à equipa principal e que esses jovens sejam o catalisador que o clube precisa para passar a constar sempre do top5 inglês e consiga alcançar um estatuto europeu.

Para que os jovens atinjam a equipa principal o clube definiu um caminho baseado em três aspectos. Este caminho inicia-se com o recrutamento de jovens para a academia. Depois de estarem na academia começa a ser incutido o programa de desenvolvimento. No final esperasse que haja oportunidades para os colocar na equipa principal para continuarem a desenvolver e comprovarem o seu valor.

Para John McDermott o recrutamento depende do estatuto que o clube tem, da filosofia e do dinheiro que possuem para contratações. O clube começa a recrutar miúdos a partir dos nove anos de idade, até ai apenas mantém atenção ao futebol da comunidade em que está inserido. Entre os 9 e 12 anos de idade o clube já faz observações a 1hora de distância do clube. Dos 12 aos 16 anos a distância estende-se aos 90 minutos a partir daí se os jovens vieram para uma educação a tempo inteiro já abrange todo o país e União Europeia. A Partir dos 18 anos passa a existir um mercado global para os clubes. É assim visível que o clube primeiro observa primeiro o que tem em “casa” e só depois começa a alargar as suas fronteiras de recrutamento.

A filosofia de treino de McDermott não difere muito da filosofia do clube o que facilitou imenso quando Jonh McDermott foi escolhido para director da academia. Assim, tem sido possível trabalhar com todo o staff técnico para estabelecer uma visão conjunta para o desenvolvimento dos jovens. Dessa forma tem sido feito um trabalho com cada faixa etária, com cada treinador desde os 18 aos 9 anos em conjunto também com o assistente Chris Ramsey. “Nós tentamos ajudar os técnicos e os jogadores a perceber claramente o que nós procuramos alcançar, os standards esperados ao nível táctico, táctico, mental, físico e também social no nosso treino…”

John está muito ligado ao sistema táctico 4-3-3 que utilizava nas selecções inglesas, mas para ele este sistema têm uma razão de ser, a forma como querem desenvolver os seus jovens. Para ele o pensamento tem de ser, querer que os jovens entrem na equipa principal e que se sintam confortáveis a jogar no campeonato principal. Dessa forma os atletas têm de se sentir confortáveis com a bola, com as situações de 1x1, que tenham qualidades de percepção, excelentes capacidades de recepção, variedades de passe, dribles em velocidade e claro capacidades defensivas. Para o director da academia este sistema é o que melhor vai ao encontro destes objectivos, o tradicional 4-4-2 utilizado na maioria dos clubes ingleses, segundo McDermott pode levar a que haja um futebol mais directo para os dois avançados sempre que haja uma situação de pressão da equipa adversária.

É a partir dos sub-12 que se começa a jogar futebol 11 utilizando o sistema táctico 4-3-3 mas o técnico faz questão de referir “Não interessa qual o sistema utilizado, o importante é encorajar os jovens a jogar desde a defesa”. Isto quer dizer que esperam que as equipas se sintam confortáveis com a posse de bola.

Uma dos elementos do recrutamento dos jovens para a academia que é considerado vital é, o que se faz com os miúdos quando eles são inseridos. O treinador é obviamente muito importante neste processo mas também o é a educação, o apoio médico, psicológico e o caminho percorrido até à equipa principal. Parte do sucesso da premier league é o elevado números de estrangeiros presentes no campeonato, assim neste momento é complicado para os treinadores principais apostarem nos jovens que vêm da formação, é natural que estejam mais sujeitos a errar, o que é natural já que ainda estão numa fase de aprendizagem, mas errar pode custar pontos e esse pontos neste campeonato pode ser a diferença entre a despromoção ou ir às competições europeias. Por isso um dos pontos importantes do trabalho desenvolvido por John McDermott e os seus colaboradores é a relação que eles estabeleceram com o treinador da equipa de reservas de forma a todos possuírem um discurso comum em proveito dos jovens. Assim tanto o treinador da equipa de reservas como o principal têm de saber o que se passa com as equipas jovens do clube, quem se está a sobressair e a merecer uma oportunidade de jogar com a equipa principal de reservas. Este é o ponto-chave para o director da academia do Tottenham Hotspur FC para que o trabalho, que faz com os jovens desde os 8-9 anos de idade, não seja inconsequente o que se não tiverem cuidado pode acontecer.

Havia muito mais para dizer, mas penso que aqui fica o essencial do trabalho desenvolvido por John McDermott como director da academia Tottenham Hotspur FC.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

CRÓNICA SEMANAL: Qualidade de ensino


Hoje em dia parece-me claro que a sociedade e mais especificamente as famílias estão conscientes da importância do desporto no desenvolvimento dos jovens. Em consequência desta percepção o mercado de oferta cresceu e podemos ver por exemplo escolas de futebol por todo o lado.

Enquanto antigamente eram exclusivamente os clubes que ofereciam esta actividade desportiva de modo organizado, hoje é possível encontrar escolas de futebol numa perspectiva comercial.

Se o crescimento da oferta torna esta actividade acessível a todos, já o facto de acontecer apenas numa perspectiva comercial aumenta o risco da qualidade nem sempre ser a adequada a uma actividade dedicada aos jovens.

Muitas vezes esta situação leva a que não sejam respeitadas algumas regras que devem estar inerentes a uma actividade que visa o desenvolvimento dos jovens, nem as regras associadas a um negócio que deve ser servir o cliente e não explorá-lo para benefício financeiro.

Há ainda o facto de, quem gere estas escolas muitas das vezes não ter a formação adequada para avaliar a qualidade do trabalho que esta a ser realizado, nem segue critérios rigorosos para a escolha da equipa técnica que insere na actividade que está a fornecer ao público.

São diversos os casos que conheço que os treinadores não têm qualquer formação para trabalhar com jovens e o que fazem é tratá-los como adultos em miniatura fornecendo-lhes actividades totalmente inadequadas. Há ainda casos de escolas, onde é suposto os jovens estarem a aprender a jogar futebol, serem entretidos em actividades/exercícios que, ao contrário de visarem objectivos técnico-pedagógicos que visem o seu desenvolvimento, apenas têm por objectivo queimar tempo até ao termo da aula com um professor/treinador pouco motivado ou competente. Não nos podemos esquecer também que muitas vezes podemos estar a por em risco a saúde dos jovens.

Assim, é importante que os pais se informem sobre a qualidade subjacente às actividades onde colocam os filhos e que se mantenham atentos ao trabalho aí desenvolvido.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Dois jogos muito especiais...


Esta semana vou voltar a fazer um breve texto sobre os meus jogos. E porquê esta semana? Porque foi um jogo muito especial, joguei contra a minha anterior equipa, contra os miúdos a quem tentei ensinar o mais que pude durante uma época.

Primeiro jogaram os nossos miúdos mais novos, importa referir que temos duas equipas neste escalão e treinamos os miúdos como uma só, apenas para os jogos fazemos as divisões sobretudo por idades.

Este jogo foi um pouco diferente do esperado, eu naturalmente conhecia os miúdos que iam estar do outro lado, sabia que era uma equipa com qualidade, bem orientada e com toda a certeza iríamos ter muitas dificuldades. Foi isso que foi transmitido aos miúdos, felizmente o jogo correu bem, os miúdos estão a assimilar rapidamente o nosso modelo de jogo, as acções pedidas estão a ser visíveis e quando assim é as coisas tendem a correr bem. O resultado acabou por ser um pouco desnivelado a nosso favor mas penso que é exagerado.

De salientar a evolução dos miúdos neste mês de trabalho e o grande espírito que esta equipa está a criar com os miúdos sempre a apoiar os colegas para os ajudar a fazer mais e melhor.

De seguida jogou a equipa com os miúdos mais velhos, equipa esta que continua a apresentar como principal problema o desequilíbrio, isto é, há miúdos que estão num patamar claramente mais baixo e que é necessário evoluírem para terem tantas oportunidades como os colegas para jogarem. Outro dos problemas é o número de miúdos que temos nestes jogos de treino que implica uma troca constante de jogadores, pois temos por princípio que nesta fase todos joguem sensivelmente o mesmo tempo.

Este jogo não nos correu tão bem e a nossa primeira parte não foi muito conseguida, embora injustamente tenha acabado com o resultado positivo para o nosso lado. Apenas estivemos um pouco melhores no inicio do jogo já que começamos com os miúdos que neste momento estão mais fortes e que melhor aplicam o nosso modelo de jogo. Acabámos a primeira parte e iniciamos a segunda com os outros miúdos, embora tentássemos misturar um pouco os miúdos mas existia uma ligeira superioridade da equipa adversária nestas alturas, tendo o empate surgido no inicio do segundo tempo depois de um lance infeliz de um dos nossos miúdos que isolou um adversário depois de um passe mal executado. Nessa altura começou a rotação dos nossos miúdos tendo a nossa equipa começado a dominar o jogo embora o resultado não se tenha alterado. A dois minutos do fim um lance importante para este texto, um dos nossos miúdos atrasa para o guarda-redes que falha a recepção de bola e deixa-a entrar na baliza.

Este lance é importante pois foi óptimo ver a solidariedade dos colegas de equipa para com o guarda-redes, nestas idades nem sempre acontece, é sinal que estamos a ganhar uma equipa. Não quero deixar de referir a atitude do treinador da outra equipa que no final do jogo também teve uma palavra com o nosso guarda-redes.

Resumindo o balanço é positivo, falta corrigir ainda algumas situações mas penso que estamos no bom caminho.

Para terminar quero fazer uma referência a Jorge Araújo, que diz algo que se aplica neste caso já que defrontei os miúdos com quem trabalhava na época passada. Os treinadores devem ser ambiciosos como poucos, mas acima de tudo centrados no interesse da equipa e não nos seus, devem preparar o terreno para que os seus sucessores alcancem um êxito ainda maior. Assim desejo as melhores felicidades aos meus antigos atletas e à nova equipa técnica e espero ter contribuído de alguma forma para o desenvolvimento daqueles miúdos.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Relação treinador-atleta

Ontem tive mais uma das minhas conversas com colegas que me fazem vir para casa pensar e no fim escrever. Esta é a forma que encontro para concluir estes temas que me surgem, sou da opinião que ser treinador não é apenas prescrever exercícios aos miúdos, há muito mais que isso.

Ontem o tema era a nossa relação com os miúdos e como tratávamos os mesmos. Isto tudo porque um treinador não convocou um miúdo e o pai veio questionar o porquê! No final a maioria apoiou um colega que disse que os devíamos tratar todos da mesma maneira. Eu não concordo, embora não tenha discutido, e passo a explicar porquê.

Sou da opinião que quem faz bem o que lhe é pedido que dá o máximo e se empenha ao serviço da equipa, merece ser distinguido e incentivado, bem como quem faz mal tudo o que lhe é proposto e não se empenha, merece rapidamente um feedback negativo para que haja uma eventual melhoria futura de atitudes e comportamentos.

Para mim todos os miúdos são diferentes, têm as suas particularidades, é isso que temos de perceber, não podem ser todos postos no mesmo saco e rotulados da mesma maneira.

Resumindo e utilizando uma frase de Jorge Araújo, “a quem lidera compete TRATAR TODOS COM JUSTIÇA, NUNCA TODOS POR IGUAL!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Um mês de trabalho


Há um mês que voltei aos treinos, o discurso continua igual, isto é, a equipa tem qualidade mas há muito trabalho ainda para fazer. Mas não será isso que nos motiva? Também…

Penso que todos os treinadores gostam de ver as suas equipas a ficarem mais fortes e organizadas, os seus jogadores a desenvolver as suas capacidades e a evoluir, o nosso modelo de jogo a ser visível aos poucos, etc.

Este ano estou com um número mais elevado de jogadores, vai ainda ser mais difícil gerir as convocatórias de modo a jogarem todos mais ou menos o mesmo. Outro dos problemas com que me deparo é que o plantel não é equilibrado, há alguns miúdos que ainda terão de evoluir mais um pouco, mas este aspecto está a ser levado em conta e daqui a uns tempos pode ser que não se note tanto.

Passado este mês já consegui fazer a minha “análise” aos miúdos. Já sei quem são os que estão mais vezes distraídos, já identifiquei os líderes da equipa, os que precisam de constantes incentivos para treinarem a intensidades elevadas, os que é necessários estabelecer objectivos à parte dos da equipa, etc. Por exemplo, no último treino, há um miúdo que realizou uma acção que não era habitual, prontamente parei o treino e todos os atletas bateram as palmas a esse colega pondo esse miúdo a rir por perceber que finalmente tinha realizado o que lhe tinha pedido.

São estas pequenas coisas que me dão uma alegria imensa por trabalhar com os miúdos, perceber que podemos fazer diferença na sua evolução…

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Gestão do tempo de treino

“Se me dizes, eu esqueço. Se demonstras, eu lembro-me. Se me dás a oportunidade de experimentar, eu entendo”.

Esta frase que li há pouco tempo resume a melhor forma de um treinador actuar. Esta semana observei um treino onde os treinadores perderam muito tempo na instrução, isto quando estamos a falar de uma equipa de futebol de formação. Nestas idades os miúdos não conseguem estar atentos ao que o treinador está a dizer durante muito tempo, querem jogar, querem participar.

A nossa missão como treinadores de jovens é desenvolver e capacitar os atletas que temos à disposição na nossa equipa. Assim, temos de transmitir que eles nunca estão completos, que é sempre possível melhorar e adquirir novas competências, sendo que a melhor maneira é experimentar.

Existe uma frase comum que eu próprio costumo utilizar, "uma equipa deve treinar como joga e jogar como treina". Com isto quero dizer que devemos ter o máximo de intensidade no treino e aproveitar ao máximo para trabalhar a nossa forma de jogar, aumentar a capacidade de concentração, confiança, motivação dos nossos atletas.
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Resumindo temos de fazer uma boa gestão do treino de forma a fornecer instrumentos aos nossos miúdos que lhes permitam estar melhor preparados para colocar em prática o modelo e estratégias da equipa.