Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

sexta-feira, 20 de março de 2009

DIÁRIO DE TREINADOR: Dois jogos completamente diferentes

Esta semana ainda me atrasei mais a vir a este espaço falar dos jogos das equipas. Tínhamos um duplo confronto com o mesmo clube, a equipa A jogava em casa enquanto a equipa B deslocava-se ao terreno adversário.

Tinha sido uma semana de treino excelente onde preparámos muito bem os jogos que iríamos disputar e dessa forma estávamos preparados para as grandes dificuldades que íamos ter.

O jogo da equipa A teve mais uma dificuldade, o calor que se fez sentir, mas como disse aos miúdos era igual para as duas equipas. Pedi aos jogadores velocidade a trocar a bola entre todos, tinha de ser a bola a correr, pois se fossem os jogadores a conduzirem a bola depressa ficavam esgotados.

Infelizmente foi daqueles jogos em que nada do que se conversou e do que trabalhámos durante a semana foi visível no jogo. A primeira parte acabou com o resultado de 0-0 mas a exibição não estava a ser a melhor.

Ao intervalo foram reforçados os aspectos ditos antes de iniciar o jogo, tínhamos de corrigir rapidamente esses aspectos ou não iríamos conseguir um resultado positivo.

A segunda parte começou da pior maneira, aos 2 e aos 3 minutos a equipa adversária conseguiu marcar golo e dessa forma toda a nossa estratégia teve de ser alterado com este resultado de 2-0. Fomos para cima da equipa adversária, notei que os miúdos tinham vontade de conseguir alterar o jogo. Há um ditado que diz que a pressa é inimiga da perfeição, assim foi. Apesar de termos conseguido reduzir para 2-1 foi claramente das nossas piores exibições, esta equipa que nos últimos jogos tinha vindo a fazer jogos muito bons não consegui perceber as características particulares deste jogo, nada do que se trabalhou foi aplicado no jogo e isso, como treinador, nunca é positivo.

Foi dos jogos que mais me custou, não pelo resultado, mas sim pela forma como jogámos e porque os miúdos não aplicarem em campo tudo o que se falou durante a semana e na palestra para este jogo.

A equipa B fez precisamente o oposto, tudo o que se trabalhou foi posto em prática, dessa forma voltámos a fazer um jogo muito bom com os nosso miúdos a mostrarem um atitude e personalidade fantástica.

O resultado assim só poderia ser uma vitória, num campo que apresenta sempre muitas dificuldades a todos os adversários, conseguimos uma vitória clara por 6-0.

De salientar que esta equipa voltou a ficar dois jogos sem sofrer golos repetindo aquele inicio de campeonato fantástico onde estivemos 8 jogos sem consentir qualquer golo. Para a semana temos o jogo mais difícil do campeonato contra uma equipa que provavelmente irá vencer o campeonato.

quarta-feira, 11 de março de 2009

CRÓNICA SEMANAL: A importância dos pais no futebol jovem

Já há algum tempo que não faço um texto sobre outras especificidades do futebol de formação que não seja os jogos das minhas equipas ou os jogos que observo. Hoje vou falar de outro tema. A relação entre clube e pais.

Alguns pensaram que é um assunto que não está muito relacionado com o futebol, eu considero um assunto que tem cada vez mais importância. Não nos podemos esquecer que o futebol jovem em Portugal mudou. Neste momento são os pais que decidem onde os seus filhos jogam, até aos 14 anos os miúdos podem andar livremente de clube em clube. Assim, os pais ganharam um papel muito importante nas “transferências”. Se me colocar no papel de um pai que, com toda a certeza, quer sempre o melhor para o seu filho na hora de escolher um clube para colocar o meu filho vou ponderar as vantagens e desvantagens que os vários clubes apresentam.

Vou dar um exemplo, imaginem que têm um filho a jogar no clube A e a pouca distância temos o clube B que em termos de qualidade da equipa é muito semelhante. Esse clube B mostra interesse em contar com o meu filho na próxima época. Se a relação que tenho com a direcção do clube A não é e melhor, se não existe diálogo entre mim e essa mesma direcção e treinador, se no clube B os miúdos participam em mais actividades como por exemplo torneios em vários locais do país e estrangeiro, começo a ponderar mudar de clube. Depois temos ainda que no clube B as condições de treino são melhores, o mais natural é eu colocar o meu filho nesse clube enfraquecendo cada vez mais o clube A e aumentando a força do clube B.
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Desta forma ganha cada vez mais importância caminharmos lado a lado com os pais dos nossos atletas, saber a opinião deles, perguntar que aspectos deveram ser melhorados para tornar a prática desportiva dos seus filhos mais agradável

DIÁRIO DE TREINADOR: Resultados injustos...

Esta semana a nossa equipa A jogava fora, num campo muito complicado não só por ser pelado mas também porque normalmente têm um ambiente difícil que pode alterar a concentração dos miúdos.

A equipa que defrontávamos, tal como todas as que estão nesta segunda fase, tinha muita qualidade e que com toda a certeza nos apresentaria muitas dificuldades. Mais uma vez treinámos bem e a confiança nos miúdos era total.

Começámos o jogo por cima apesar de ser um jogo equilibrado, na primeira parte apenas houve ocasiões de golo através de remates de longe, neste tipo de campos é complicado progredir com a bola e esta é uma arma muito utilizada. A nossa equipa ainda acertou um desses remates na trave da baliza. A primeira parte apesar do equilíbrio teve algum ascendente da nossa equipa e poderíamos ter ido para o intervalo com um resultado daquele que se registava 0-0.

Ao intervalo disse aos atletas que acreditava neles, que estávamos melhor e que não era possível que fossemos repetir o jogo da jornada anterior e que por isso iríamos marcar e vencer o jogo.

Infelizmente logo aos 3 minutos da segunda parte num lance confuso na nossa área a equipa adversária marcou ficando em vantagem. Com a atitude que caracteriza estes miúdos fomos à procura de outro resultado e lutamos muito, a 6 minutos do final do jogo conseguimos o justo e muito procurado empate.

Esta segunda fase não esta a ser de muita sorte para a nossa equipa, no minuto seguinte a conseguir o empate houve um livre para o adversário que aproveitou da melhor maneira e ficou novamente em vantagem.

Mais uma vez sou da opinião que fomos melhor que o adversário apesar do resultado não ser favorável. Temos de continuar com esta atitude e com esta qualidade, seguem-se dois jogos em casa que se mantivermos o nosso nível iremos vencer.

A equipa B jogava em casa com um adversário que na primeira fase tinha empatado connosco, nessa altura em sua casa.

Também esta equipa realizou um jogo muito bom, sempre a dominar o jogo, infelizmente não conseguimos traduzir essa vantagem em golos e o resultado final acabou por ser um 0-0. Para um jogo de escolas é um resultado atípico mas infelizmente para nós que dominámos foi o que se verificou.

Vamos continuar o nosso bom trabalho e os nossos bons jogos. Assim vamos conseguir cumprir os nossos objectivos.

sexta-feira, 6 de março de 2009

DIÁRIO DE OBSERVADOR: FC Barcelona

Neste momento tenho um novo “brinquedo” que me faz passar algum tempo sentado a olhar para uma televisão. Tenho uma box MEO em casa e rapidamente seleccionei o pacote de canais dos clubes.

Esta quarta feira de manha, por exemplo, sentei-me para ver o canal BarçaTV onde estavam a transmitir um jogo de infantis (em Espanha esse escalão é denominado de Alevin). Esta é a equipa que vai estar presente este ano em Portugal para disputar o Torneio Internacional de Futebol Infantil organizado pelo Clube Atlético Cultural da Pontinha.

Ora tal como em 2007 esta equipa tem um jogador de origem africana que fisicamente é muito mais desenvolvido, não quero falar se tem a idade em que esta a jogar, é um tema que todos nós já conhecemos, mas ver aquele jogo fez-me muita confusão. Este miúdo de que estou a falar não conseguia jogar, esta é a realidade. Sempre que tinha um lance de 1x1 ou um lance em velocidade dava a sensação que não se empenhava pois se o fizesse provavelmente o que acontecia era magoar o adversário tal era a diferença física.

Será que este jogador assim consegue desenvolver as suas qualidades? Será que mesmo que seja mais novo não devia jogar no escalão seguinte onde há atletas com qualidades físicas semelhantes?

Deixando este tema no ar, quero também dizer que gostei muito desta equipa do Barcelona, tem jogadores que em termos individuais me deslumbraram, temos novamente uma equipa muito forte que provavelmente disputará os primeiros lugar deste torneio.

quinta-feira, 5 de março de 2009

DIÁRIO DE OBSERVADOR: Situação caricata

Esta semana fui observar um jogo de juvenis onde aconteceu uma situação caricata e que quero referir neste espaço.

Nos últimos tempos tenho observado com muita atenção o “aquecimento” de várias equipas, é um aspecto que considero importante e influente no jogo e que por vezes é negligenciado.

Neste jogo não vi nada de novo, a tradicional mobilização geral, manutenção da posse de bola, alongamentos e algum trabalho de finalização. Mas não é sobre as especificidades do aquecimento que vou falar embora esteja um pouco relacionado.

Quando acabaram as equipas retomaram ao balneário para vestirem o equipamento de jogo e retornarem ao campo.

Neste jogo a equipa de arbitragem apenas tinha 2 elementos e assim foram arranjar o terceiro ao público, como estas situações demoram sempre um pouco os treinadores das duas equipas disseram aos seus jogadores para não ficarem parados e entregaram-lhes algumas bolas.

Agora a parte caricata desta história, numa das equipas, um dos atletas após alguns toques na bola vira-se para a baliza e remata, o treinador prontamente grita a chamar por ele e diz “já disse que não quero remates, por acaso já estás quente?” ao que o atleta responde “não foi isso que estivemos a fazer?”

Eu ainda acrescento: será que os atletas dessa equipa não devem rematar nos primeiros minutos de jogo? Será que o treinador no fundo tem a noção que o “aquecimento” realizado não é o mais adequado para a prática desportiva que se segue?

Já agora, para tentar aumentar a vossa participação neste espaço digam-me, como é o vosso aquecimento? Qual a importância que tem para o jogo?

DIÁRIO DE TREINADOR: Inicio da segunda fase...


Esta semana começou a segunda fase dos campeonatos de futebol 7. Infelizmente o sorteio não vai permitir que acompanhe os jogos das duas equipas e como é normal apenas irei aos jogos da equipa A.

Esta semana havia uma coincidência nos adversários das duas equipas, ambas tinham uma ligação as escolas de um clube grande.

Estes jogos no fim-de-semana a seguir às férias são sempre complicados, há vários jogadores que faltam aos treinos, desta vez faltaram tantos que eles próprios fizeram a convocatória, isto é, apenas tinha disponíveis 12 para cada equipa.

Estava confiante para estes jogos, os miúdos estão cada vez a jogar de forma mais organizada a entender melhor o nosso modelo de jogo.

A equipa A defrontava uma equipa que segundo a informação que recolhi defendia bem e que com toda a certeza nos iria colocar muitas dificuldades. Assim foi….

O jogo começou muito equilibrado, com poucas oportunidades de golo, acredito que nesta segunda fase todos os jogos serão muito disputados. Aos 12 minutos aconteceu a nossa única falha, dois dos meus miúdos ficaram a olhar um para o outro e nenhum foi à bola, apercebendo-se disso o avançado contrário roubou a bola e isolou-se conseguindo fazer o 1-0.

A partir deste momento a nossa equipa ainda ganhou mais força, estão com uma atitude fantástica, e o jogo apenas teve um sentido. Ainda na primeira parte criámos algumas oportunidades de golo, inclusive acertámos duas bolas na barra mas infelizmente o resultado não se alterou.

Ao intervalo referi que estávamos a fazer mais um jogo muito bom e que se continuássemos com toda a certeza iríamos dar a volta. Enganei-me!

Na segunda parte poderíamos “alugar” o nosso meio campo, impressionante como não deixámos o nosso adversário sair da sua zona defensiva. Criámos diversas oportunidades de golo mas foi um daqueles dias que podemos estar o dia todo a tentar que não conseguíamos. A bola ou passava junto ao poste, ou o guarda-redes defendia, houve bolas a ficar em cima da linha de golo, enfim de tudo um pouco mas não marcámos e o jogo acabou com o resultado de 1-0, como é possível!!!

Foi um jogo muito intenso da nossa parte e assim que o árbitro apitou alguns dos miúdos começaram a chorar, foi uma descarga emocional da parte de toda a equipa.

Costumo falar com os atletas ainda no relvado e desta vez a conversa foi fácil, a exibição deles foi fantástica, das melhores desta época e foi isso que lhes disse, no inicio ele responderam, “mas perdemos” só que aos poucos foram acalmando e perceberam que tinham feito um grande jogo e que se continuarem a jogar como assim não vão perder, é impossível acontecer mais um jogo destes. Recebemos os parabéns da equipa adversária, do árbitro os pais dos miúdos da outra equipa disseram, “tivemos muita sorte este jogo”.

Não pude acompanhar a equipa B que se deslocou ao campo de um adversário muito complicado.

Foi um jogo equilibrado, a 3 minutos do fim estávamos a perder 2-1 e já com algumas situações claras para empatar o jogo. Infelizmente não conseguimos e ainda sofremos dois golos a acabar o jogo. Quem olhar para o resultado pensa que a equipa contrária foi muito superior, nós sabemos que não e agora é continuar a trabalhar para alcançarmos os nossos objectivos.