Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

PENSAR FUTEBOL: Criar uma filosofia

A mudança de paradigma no jogador de futebol espanhol é um facto: o gosto pelo jogo, para o bom trato da bola e a criatividade estão a tornar-se a marca registada dos jogadores e de um país que sempre precisou de uma filosofia clara para apostar.

Tem sido interessante acompanhar a selecção de sub-19 espanhola no Europeu, são claramente visíveis os princípios que hoje em dia regem essa tal filosofia de jogo espanhol. A Espanha continua a demonstrar toda a sua capacidade para criar algo de extraordinário.

Com quatro vitórias somadas noutros tantos jogos na presente edição da prova, selecção espanhola continua a mostrar a sua criatividade e imaginação, como o comprova o inteligente golo apontado por Canales diante da Inglaterra, só ao alcance de uma equipa plena de confiança. A vencer por 2-1 à passagem dos 60 minutos, os pupilos de Luis Milla dispuseram de um livre em zona perigosa e colocaram em prática uma espectacular jogada de laboratório.

Os resultados que, hoje em dia, as Selecções Espanholas têm alcançado, não são fruto do acaso nem de poucos anos de trabalho.

Os próprios clubes deviam ter uma filosofia a seguir tal como se vê no Barcelona. É verdade que “só falam deles porque ganham”, mas não é isso que nós queremos? Ganhar? Mas há outros clubes que ganham menos vezes e que têm uma filosofia clara dentro do clube, o Arsenal por exemplo. Claro que ajuda manter o Arséne Wenger no clube durante vários anos e no nosso país já sabemos que isso é impossível.

Vou continuar a acompanhar a evolução dos “nuestros hermanos” e a retirar ideias para, tal como outros colegas, colocar na gaveta porque os nossos dirigentes não se interessam…

sexta-feira, 23 de julho de 2010

PENSAR FUTEBOL: Treinadores distintos, visões semelhantes...

Nesta última semana li duas entrevistas que me deixaram particularmente satisfeito. Cho Kwang-rae, novo seleccionador da Coreia do Sul, confessou que o seu modelo de jogo será semelhante ao que põe em prática a selecção espanhola, campeã do mundial da África do Sul. “Quero emitar a Espanha” diz Cho, de 56 anos e até agora treinador da equipa sul-coreana Gyeongnam FC, numa conferência de impressa, de acordo com a agência de notícias Yonhap.

Segundo o novo técnico da Coreia do Sul, que no passado mundial foi eliminada nos oitavos-de-final frente ao Uruguai, a sua equipa deve ser mais rápida e mais precisa nos passes “O futebol sul-coreano deve mover-se mais, com passes curtos, para reduzir a distância que os separa das equipas de futebol da elite mundial”.

O seleccionador da Coreia do Sul diz que o estilo da Espanha vai impor-se "Depois que a Espanha ganhou o Mundial, a capacidade de passe, os ataques rápidos e as transições são cada vez mais importantes no mundo", afirmou.

Vou estar curioso para ver se o novo seleccionador coloca em prática as suas ideias e se vamos ver uma Coreia do Sul a jogar de forma diferente.

A segunda entrevista é do treinador do Inter de Milão, o espanhol Rafael Benitez, onde refere ambicionar que o seu clube siga, em Itália, o modelo do Barcelona, numa entrevista publicada no Jornal “La Gazzetta dello Sport”. “Quero uma equipa mais subida e com maior posse de bola” sentenciou Benitez na entrevista ao jornal desportivo italiano, onde também referiu o que espera da equipa, acrescentando que Esteban Cambiasso “jogará mais subido”, porque “é um treinador em Campo”.

Benitez também analisou a situação dos jovens jogadores do clube, que pretende "lançá-los" na primeira equipe. "Todos falam sobre a importância dos jovens, mas depois querem vencer, vencer e vencer, e ninguém tem a coragem de esperar", disse ele. "Em Espanha é mais fácil porque a qualidade dos miúdos é muito elevada, mas o Barcelona teve de esperar alguns anos e o Real Madrid ainda mais", disse Benitez, que comparou a situação com a Inglaterra, onde "têm mais paciência", disse ele.

“Se querem jogadores com coração temos de os ir buscar à cantera e esperar que cresçam” disse, mas acrescentou: "Raul, Rooney e Gerrard aparecem apenas uma vez a cada dez anos." Durante seu diálogo com o "La Gazzetta dello Sport", Benitez aproveitou a oportunidade para mostrar como concebe o futebol e qual é a sua filosofia quando se trata de formação.

"Quero ganhar, não me importa contra quem é, isso sim, respeitando o adversário, essa é a minha visão do futebol” explicou.

Aproveito também para deixar uma frase curiosa porque me revi no que Benitez disse, "Eu sou treinador desde os 13 anos de idade quando jogava com a minha equipa e levava um caderno onde apontava os resultados e estatísticas", disse o técnico do Inter.

São duas visões, de dois treinadores distintos, mas com pontos em comum. Confesso que fico entusiasmado ao perceber que aos poucos, o futebol praticado pelo Barcelona e, consequentemente pela selecção espanhola, começa ganhar cada vez mais adeptos. Como diz José Mourinho “um treinador defensivo ganha uma vez, não ganha duas, três, quatro, cinco, 10, 15, 16, 17. Não há hipótese!”

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ENTREVISTAS: Pep Guardiola, simplicidade e honestidade...

É difícil e até mesmo ingénuo pensar que um treinador de top como Pep Guardiola pode ser completamente honesto numa entrevista, mas estive a ler uma entrevista extensa onde o treinador do Barça respondeu a mais de 50 perguntas, parecia honesto e sobretudo comprometido com seu trabalho.

Admitiu que a renovação por apenas uma temporada foi uma escolha pessoal pois a direcção presidida por Sandro Rosell, propôs-lhe mais anos de contrato.

Guardiola assumiu a venda de uma das suas apostas pessoais, Chygrynskiy, fazendo assim face às necessidades financeiras do clube, embora ele não tenha negado que teria gostado de continuar com o defesa no plantel. Aceitou as dificuldades na contratação de Cesc Fabregas não deixando de confirmar que gostaria de contar com o espanhol na próxima temporada, deixou a decisão da continuidade de Marquez e Ibrahimovic nas mãos dos próprios jogadores e, claro, dos respectivos representantes.

Definiu-se, perante todos os jornalistas, como um mero funcionário do clube, “Todo el mundo cree que tengo las llaves de la barraca pero sólo soy un empleado, con mucha gente por encima, cuyo trabajo sólo es que los jugadores respondan, se motiven y compitan un año más”. Ironicamente mostrou-se preocupado pela imagem que transmite de má relação com os Presidentes, primeiro Laporta e agora Rosell. É melhor exibir independência que demonstrar dúvidas pendentes. Defendeu claramente Johan Cruyff: “Algo se hecho mal. Johan no lo merece, su papel en la historia centenaria del club es indispensable y yo le seguiré llamando cuando necesite consejo”.

Foi generoso com o futebol espanhol, no momento de avaliar o sucesso da Espanha no Campeonato, lembrando por exemplo os trinta anos de Vicente Del Bosque no Real Madrid, a influência de Casillas, Reina ou Marchena no balneário da selecção, e mostrou uma mistura de admiração e inveja saudável quando exclamou que “Nunca me hubiera imaginado que Busquets y Pedro pasarían de tercera división a ganar el Mundial, ese pedazo de trofeo que yo no tengo” tudo isto num contexto de orgulho pela “cantera” do Barça, mas dando todo o crédito aos jogadores.

Apenas Guardiola sabe quais são os seus verdadeiros objectivos, mas nesta entrevista demonstrou lealdade e compromisso com Rosell e a nova direcção, e é improvável que venha a usar qualquer problema no planeamento do desportivo da equipa como uma desculpa, se por qualquer motivo algo não correr bem. Poderemos comprovar, ao longo da época, se foi verdadeiro ou é apenas optou por uma postura de segurança

segunda-feira, 19 de julho de 2010

PENSAR FUTEBOL: Análise ao futebol actual

Um dos temas mais discutidos durante este mundial de futebol foi o facto de algumas selecções renunciarem ao seu “estilo habitual”, isto é, à sua identidade. Eu acho que a análise deve ser um pouco mais profunda…

Decorria o ano de 1991 e na equipa do Estrela Vermelha encontrávamos jogadores como Prosinecki, Savicevic, Pancev, Mihajlovic o Jugovic. Nesse ano conseguiriam “chocar” meia Europa sangrando-se campeões europeus no estádio olímpico de Marselha vencendo nas grandes penalidades o Bayern Munique. Mas o que retive do texto que li sobre este dia foi o que disse o treinador, Ljupko Petrovic, na palestra à sua equipa: “divirtam-se”

De lá para cá o futebol alterou-se. A teoría ganhou protagonismo e a táctica domina sobre a bola e o talento individual dos jogadores. O futebol é um desporto de equipa e tem que agir como tal, uma vez que é o grupo que ganha jogos e os jogadores têm de fornecer os seus argumentos em busca da vitória colectiva, mas muitas vezes ficamos com a impressão, na hora em que assistimos a um jogo, de que o sacrifício do talento individual dos jogadores é por vezes excessivo.

Nos últimos anos a figura do treinador encontrou a sua dimensão máxima, lógicamente sempre foi importante mas mantinha-se na “sombra” dos seus jogadores, esses sim os verdeiros protagonistas. Veja-se o caso actual mas mediático, José Mourinho. Agora uma equipa parece-se mais com a ideia do seu treinador que com as características individuais dos seus atletas. Mais uma vez recorro ao treinador português, veja-se a maneira como jogou Samuel Eto´o este ano, tácticamente muito disciplinado, mas provávelmente menos “espetacular” no verdadeiro sentido da palavra.

Eu admiro uma equipa onde todos remam na mesma direcção e em que toda a gente conhece o seu papel, onde são pouco visíveis as ausências de determinados atletas quando os seus substitutos são chamados a intervir. É importante saber o papel a ser desempenhado, em que a solidariedade e a entreajuda são os principais factores. Mas, por outro lado, eu também admiro o talento puro de um jogador, é por isso que os adeptos pagam bilhetes, à procura de lances de génio. Isto é, hoje parece-me que um jogador tem de se adaptar a uma ideia, mas poucas são as vezes onde apresenta a sua.

Uma das grandes virtudes de um treinador, é saber obter a melhor performance dos atletas que tem à sua disposição. Obviamente, nem sempre tem a possibilidade de ter jogadores na sua equipa com elevada qualidade técnica ou os chamados génios da bola, e no futebol têm de coexistir estilos diferentes de forma a enfrentarem-se durante o jogo na procura da vitória. Mas a tendência nos últimos anos é procurar essa vitória através de um bloco fechado e compacto, com as linhas bem próximas, onde o importante é vencer antes de jogar bem, onde o talento e a bola são coadjuvantes em favor do resultado.

Não obstante os limites são necessários e o futebolista deve adaptar-se à sua equipa. Recordemos o caso de Rivaldo, que se tornou o melhor jogador do mundo pela mão de Van Gaal, jogando pelo corredor esquerdo, onde o brasileiro sempre alegou não se sentir em casa. Com saída do técnico holandês surgiu Serra Ferrer e com ele os caprichos concedidos a Rivaldo para jogar no centro, com total liberdade de movimento. Aí ele começou seu declínio. Os jogadores precisam entender que têm de jogar para a equipa e não para si mesmos, pois quando isso acontece ambos saiem prejudicados, a equipa e o jogador.

O treinador tem de saber também, por seu lado, que os jogadores devem ter o seu espaço, a liberdade de criar e improvisar como um actor num dia inspirado. A vitória é o fim ao cabo o mais importante, mas futebol deslumbra com os tais lances espectaculares. O jogador tem ir para dentro do campo para desfrutar do jogo, o futebol é o seu trabalho, mas também a sua paixão (não é por isso que todos vivemos o futebol). Se uma equipa consegue vencer ganha o clube, se os jogadores se divertem, ganhamos todos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

HISTÓRIAS DO FUTEBOL: Valentí Guardiola

Um dos blogues por onde passo constantemente dá pelo nome de "Paradigma Guardiola". Este blogue ao contrário do que se possa pensar não é da autoria de um "Nuestro Hermano", trata-se de um argentino que procura analisar o modelo de pensamento de Pep Guardiola. Por exemplo sobre a renovação de contracto por mais uma temporada, nem uma linha. Definitivamente, Paradigma Guardiola não é um espaço de notícias. Como disse muito bem Nuno Farinha no Record "É, antes, de análise estrutural de treino, reflexões, metodologia, detalhes táticos, programas de jogo, filosofia futebolística".

O último post colocado é uma extraordinária história sobre Valentí Guardiola, o pai de Pep Guardiola.

"Cuenta la leyenda que Valentí Guardiola leía un periódico mientras esperaba el nacimiento de su hijo Josep. En el decimoctavo día de 1971, ese diario contemplaba que el Barcelona había derrotado al Celta por 1 a 0, continuaba siendo líder solitario pero las 40.000 personas en el Camp Nou se mostraron insatisfechas por el juego del equipo. A su vez, el fútbol internacional marcaba una derrota del Ajax por 1 a 0 frente al M.V.V. Maastricht. Con esto, Rinus Michels comenzaba a tener más clara su partida del conjunto holandés. Meses más tarde se marcharía a dirigir al Barcelona dejando en Amsterdam una obra ya iniciada: la génesis del Ajax que revolucionó al fútbol mundial".

Para acabar deixo uma frase de outra referância: “No hay ninguna medalla mejor que ser aclamado por tu estilo”. (Johan Cruyff)

A Espanha e o Barcelona podiam não ter alcançado o sucesso como o fizeram mas a sua forma de jogar seria sempre recordada...

sábado, 10 de julho de 2010

DIÁRIO DE OBSERVADOR: A final que muitos desejavam ver...

Como será que Johan Cruyff irá ver o jogo amanhã? Ele que não jogando está muito ligado às filosofias de jogo das duas selecções. Há cada vez mais treinadores a pensar que afinal é possivel ganhar jogando bem proporcionando bons espetáculos, até a Alemanha tem um estilo de jogo diferente daquele que a caracterizava e aparece sempre nos slides sobre a História do futebol. Fico contente por isso!


P.S. - Será que esta imagem tem alguma relação com o jogo de amanhã?