Vou contar uma história que não se passou comigo, foi um colega que me contou mas que acho interessante contá-la neste espaço.
Num bairro de uma cidade periférica, tal como em outros locais, predomina os prédios e as pequenas pracetas. Numa dessas pracetas “brincavam” dois irmãos que ainda conseguem preservar o que todos nós sentimos falta, ser o “puto de rua”. Não estavam a ter a melhor brincadeira, atiravam pedras um ao outro, com o enorme risco de acertar num dos carros ali estacionados.
A dada altura uma senhora passou por eles e prontamente os reprimiu dizendo que não deviam estar ali a fazer aquilo, mas como crianças que são não ligaram e continuaram o que para eles era divertido. O meu colega estava à janela do prédio e presenciou esta cena, como também ele achava que não era a brincadeira mais correcta e porque o seu carro também estava por ali, perguntou porque se eles não preferiam brincar a outra coisa, eles responderam que não tinham mais nada para brincar. O meu colega desceu e foi ter com estes jovens, pediu-lhes que o acompanhassem até ao carro. Quando chegou ao local abriu a mala do carro e retirou de lá uma bola vazia que andava por lá.
Foi automático, os miúdos pegaram logo na bola e começaram a jogar um contra o outro, cada um com o objectivo de fintar mais que o outro, um era o Ronaldo outro o Quaresma, esqueceram logo as pedras e as outras brincadeiras. Agora, cada vez que o meu colega passa, correm atrás de carro para ver se há mais uma bola...
Tal como vinha num jornal este fim-de-semana, “Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança.”
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