Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

segunda-feira, 30 de julho de 2007

DIÁRIO DE TREINADOR: Metodologia

Quando se fala de metodologia do treino, e independentemente dos vários escalões, importa desde logo deixar bem claro que tudo o que a ela diz respeito exige muita disciplina e rigor. Mais do que inspiração, o treino requer a transpiração necessária a quem necessita de antecipar constantemente o futuro, através da preparação prévia e exaustiva das diferentes soluções exigidas por uma realidade exterior em constante mutação.

Na minha opinião, os meios, métodos e estratégias mais adequadas para ensinar o jogo passam por interessar o praticante, recorrendo a formas jogadas divertidas e motivantes, implicando-o em situações-problema que contenham os ingredientes fundamentais do jogo, isto é, presença da bola, oposição, cooperação, escolha e finalização. De acordo com este entendimento, não são de adoptar situações que levem à exercitação descontextualizada e analítica dos gestos técnicos (passe, recepção, condução, drible, remate, entre outros), dado que a execução assim realizada assume características diferentes daquela que ocorre no contexto aleatório do jogo.

Num jogo de futebol, o jogador deve saber o que fazer (componente táctica, sustentada em princípios de jogo através de regras de actuação no ataque e na defesa), para depois saber como fazer (componente técnica), o que exige uma elevada capacidade de decisão (componente cognitiva), que por sua vez decorre de uma ajustada leitura de jogo (capacidade de percepção/análise e antecipação, sustentadas no desenvolvimento da atenção e concentração), para poder agir correctamente no tempo certo em relação ao móbil do jogo (velocidade de acção com e sem bola – alicerçada em excelentes capacidades coordenativas e condicionais).

Neste sentido os exercícios de treino não se dirigem a um único objectivo, antes pelo contrário, consideram em cada momento que melhorias podem provocar nos domínios técnico, táctico, físico, cognitivo e psicológico numa relação coerente entre estas variáveis (analíticos somente o necessário, globais e integrantes tanto quanto possível).
É este o pilar sobre o qual deve assentar toda a nossa organização de ensino e que leva os jovens, a tratar bem a bola e a compreender como se joga em todo o campo, sendo a criatividade individual e colectiva e a tomada de decisão, as traves mestras desta metodologia.
Paralelamente devenos educar a disciplina, os valores, o gosto pela organização, a atitude, a coragem, a capacidade de sofrimento, a perseverança, a tenacidade, a imprevisibilidade, alimentando sempre a auto-confiança e a auto-estima e blindando tudo isto com valores como a solidariedade, a humildade, o altruísmo e o respeito pelas regras, colegas e adversários.

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