Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

domingo, 28 de setembro de 2008

DIÁRIO DE OBSERVADOR: Relação Treinador-Atleta

Depois de mais um fim-de-semana a observar vários jogos, resolvi falar sobre a relação treinador-jovem atleta.

Qualquer jovem atleta quando faz parte de uma equipa precisa de sentir que alguém está disposto a “perder” tempo com a sua formação. Ora é isto que me faz confusão por perceber que muitos treinadores de equipas de futebol de formação não estão dispostos a despender este tempo.

Eu não me importo de “perder” tempo a trabalhar com as minhas equipas, com os jovens com que me vou cruzando neste meu percurso, tento lhes transmitir que com dedicação podem crescer juntamente com o projecto. Esse é outro aspecto importante pois os jovens de hoje são exigentes e não se satisfazem com projectos minimalistas e onde a sua presença é apenas vista como mais uma, dessa forma é preciso principalmente envolvê-los no nosso projecto.

Não há uma formula infalível, não há treinadores iguais, por isso cada treinador terá a sua estratégia, embora como tenha dito no inicio, me pareça que há muitos treinadores que se preocupam pouco com esta relação com os jovens atletas e não percebem a força que essa relação pode ter

Num dos últimos livros que li, o seleccionador de rugby Tomaz Morais refere dois aspectos com que estou totalmente de acordo, é preciso capacitar e responsabilizar. Assim, à medida que vamos capacitando os miúdos é necessários dar-lhe novas responsabilidades. Este é, sem dúvida um factor que contribui para que não haja quebras motivacionais.

Esta é uma força incrível que os jovens têm, a sua motivação por estarem a desempenhar uma actividade que adoram, não a deixem desaparecer…

domingo, 21 de setembro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Primeiro teste

Esta semana tive o primeiro teste depois de abraçar um novo projecto, mais um momento de avaliação do grupo de trabalho…

Tenho duas semanas de treinos com estes miúdos, a primeira semana com a preocupação de avaliar todos os jogadores presentes nas captações a segunda já a trabalhar de acordo com o modelo de jogo que quero implementar na equipa, embora ainda haja adaptações para fazer de acordo com os jogadores do plantel.

Esta semana o trabalho incidiu mais na organização ofensiva. E porquê? Sou da opinião que devemos começar por ai quando se trabalha com os miúdos pela primeira vez, é mais atractivo para os miúdos quando proporcionamos mais hipóteses de finalizar, de ter sucesso, de marcar golos…

Falando no jogo, a primeira coisa que disse aos miúdos foi que nem queria saber do resultado, que era natural que as coisas não nos saíssem perfeitas, tinha sido uma semana em que eles também se tiveram de adaptar a uma forma de trabalhar, a um novo “mister”.

Acabando o jogo quais as conclusões? Que há muito trabalho pela frente, mas estou confiante num percurso positivo. Tenho um bloco de notas cheio de aspectos a trabalhar, o que até é normal, a organização defensiva tem muito a melhorar em termos posicionais, as transições têm de ser muito mais rápidas, em termos de dinâmica ainda estamos longe, etc. Há também coisas positivas claro agora segue-se mais uma semana de trabalho…

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

DIÁRIO DE OBSERVADOR: Breve reflexão

Um dos assuntos que me interessa no futebol jovem é, a detecção, selecção, recrutamento de “talentos” e o seu posterior desenvolvimento.

Mas o que é isto dos talentos? Para o Prof. Júlio Garganta “um talento é alguém capaz de uma performance acima da média num dado domínio e em vários momentos.”. Não sei se ser um talento é apenas estar acima da média, parece-me que tal como disse há pouco tempo o Sr. Aurélio Pereira, a designação de talento está quase a tornar-se uma banalidade. Um talento tem de ser muito mais que isso.

Nos dias de hoje, é unânime que sem um processo de detecção, selecção e recrutamento de “talentos” os treinadores terão dificuldades em preparar uma equipa para competir ao mais alto nível, para além disso os clubes, devido às dificuldades financeiras começam a olhar para o futebol de formação de outra forma. Dessa forma surge a necessidade de criar departamentos de selecção e detecção de talentos nos clubes de forma a potenciar todo o processo de formação.

Tem-se dito que o segredo para o recrutamento de um atleta para um determinado clube é muitas vezes “chegar” primeiro, assim, este processo, na maior parte dos clubes, incide essencialmente em jovens com sete ou mais anos de idade, existindo para isso estratégias por parte dos clubes para o conseguir. Para mim outra das vantagens deste recrutamento nestas idades é ter um maior processo de evolução no clube de forma a potencializar o seu talento. Importa aqui referir a importância de possuir treinadores e treinos apropriados que possibilitarão aos jovens jogadores um maior desenvolvimento das suas qualidades.

Para que este processo de identificação e recrutamento de talentos ocorra de forma organizada, é essencial que o clube defina elementos chave para sabermos quais as características que pretendemos identificar nos jogadores. Era um assunto que poderia aqui ser muito explorado e desenvolvido mas, apenas dou um exemplo muito conhecido. O sistema TIPV (TIPS em inglês) utilizado pelo Ajax, onde o T simboliza técnica, aquilo que o jogador pode fazer com a bola; I é para inteligência, entendida aqui como cultura táctica; P é para personalidade, um aspecto muito importante para os detectores de talentos e formadores do Ajax; V significa velocidade, pois para jogar no Ajax é muito importante não só a velocidade simples, mas também é imperioso ter rapidez com a bola nos pés.

Para concluir este assunto, eu pessoalmente penso que é de extrema importância neste processo ter definido no clube o modelo de jogador pretendido. Este é um aspecto que muitas vezes penso ser descurado e que leva muitas vezes a que jogadores acabem por não se adaptar a determinada realidade…

terça-feira, 9 de setembro de 2008

DIÁRIO DE OBSERVADOR: Formas de trabalhar...

Como já aqui referi anteriormente, costumo observar outros treinos para tentar retirar algumas coisas que me façam enriquecer como treinador.

Há uns dias observei um treino na chamada “velha guarda”, treino por circuito, baseado naquilo a que os treinadores chamaram de resistência física.

Existirem este treinos, com toda a informação que há nos dias de hoje é incrível. Mas agora correm com uma bola nos pés, já é treino integrado. Será que isto se justifica?

No outro dia voltei a ver o Karaté Kid, um filme já com uns anos. A dada altura o miúdo vê um poster de um homem a partir um grande tronco de uma árvore e pergunta ao mestre se conseguia fazer aquilo. A resposta foi, “não sei, nunca fui atacado por uma árvore”.

É verdade que estamos a falar de karaté, mas esta resposta serve para esta situação. O que nos vale que os nossos miúdos consigam dar 50 voltas ao campo a correr? Para mim pouco ou nada…

“Um pianista não corre à volta do piano nem faz flexões com os dedos, limita-se a tocar piano…”

DIÁRIO DE TREINADOR: O primeiro treino


Ontem iniciei a época desportiva da minha nova equipa. Foi o primeiro treino, de uma semana dedicada a conhecer os atletas. Em relação à época anterior esta equipa onde estou a começar “perdeu” alguns jogadores que foram para uma equipa teoricamente superior.

No fim do primeiro treino posso dizer que fiquei satisfeito, são miúdos com potencialidades e penso que se pode fazer um bom trabalho. Por enquanto a equipa não está definida, sei que virão alguns jogadores treinar nas próximas semanas, mas os miúdos que já “assinaram” tem muita qualidade agora é equilibrar o plantel…

Daqui a 2 semanas começam os jogos de pré-época altura em que quero ter 90% da equipa definida para começar a trabalhar de forma ainda mais intensa o modelo de jogo, já que estas semanas serão de adaptação, tanto dos jogadores ao modelo de jogo como do modelo de jogo aos jogadores que tenho.

Foi um treino que me deixou satisfeito, podemos fazer um grupo muito engraçado, e os miúdos parecem ter gostado do treino, também para eles a forma de trabalhar é um pouco diferente, mas acredito que no final todos estaremos mais evoluídos e isso é o meu grande objectivo.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: De regresso ao trabalho...


Estou de regresso aos treinos, confesso que já sentia saudades. Tenho a sorte de fazer aquilo que gosto, assim o regresso é sempre encarado de forma positiva.

Foi um começo tranquilo, com os miúdos das escolas de formação. Estou também algo ansioso para começar esta vertente da nova época. O novo projecto onde estou inserido vai-me com certeza enriquecer enquanto treinador. Irei presenciar uma nova metodologia de treino, embora no fundo não seja uma novidade, conheço alguns trabalhos do autor desta mesma forma de trabalhar, e também estive presente numa acção de formação teórico-prática que o autor desta metodologia deu aqui há uns anos num seminário.

Vai ser interessante conjugar esta metodologia com a metodologia que costumo seguir, essa é para mim a parte mais rica do trabalho prático que irei desenvolver.
Ainda estou a tentar integrar mais projectos, quero continuar a aprender e a ter acesso ao mais variado número de realidades.

Assim, fica oficialmente marcado o inicio de mais uma época de trabalho bem como o normal funcionamento deste espaço.