Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

FUTEBOL JOVEM E O MUNDO: Queens Park Rangers


Hoje irei falar do Queens Park Rangers e do homem responsável pelo desenvolvimento do futebol jovem Joe Gallen.

No clube inglês Gallen começou na categoria de sub-9, depois sub-11 até subir aos sub-17. Neste momento para além de ser treinador dos sub-18 é o responsável por todo o programa do futebol jovem do clube, isto é, desde os sub-7 até aos sub-19. Um programa que o técnico considera ser de longo prazo, isto é, não é algo que esteja concluído amanhã.

A semana de Gallen começa com uma reunião com o responsável pela prospecção para discutirem os jogadores que despertaram o interesse dos observadores nessa semana “Tudo o que estou interessado em saber é, quem eles viram, conseguimos ficar com eles e como conseguimos, podem ter 8, 12, 14 não interessa”. De seguida veste o papel de treinador durante o resto da manha até à hora de almoço. Nessa altura pega no telefone para efectuar os contactos necessários para trazer os jovens referenciados. À tarde volta aos treinos. Apenas o fim-de-semana tem uma rotina diferente, sábado de manha tem o seu jogo com a equipa de sub-18, à tarde desempenha as funções de observador caso pense ser necessário, já o domingo é dedicado a ver os jogos das equipas jovens do clube de modo a acompanhar o seu desenvolvimento. Outro aspecto que gostaria de salientar é a visita que Gallen faz às quintas-feiras, com o seu colaborador Jonh O´Brien, a alguns centros de estágio.

Joe Gallen tem algumas ideias que me parecem importantes de referir neste artigo, o técnico diz que não conhece um treinador que consiga transformar um mau jogador num bom jogador “Não me interpretem mal, não temos de treinar e melhorar os atletas, mas nós temos de ter a qualidade certa no inicio”

Outra ideia que quero referir é a de o treinador dizer que não querem contratar jogadores pequenos, sabe que é uma ideia polémica mas assume que “Se alguém sente que isso não é importante no jogo está a cometer um erro, não me interpretem mal haverá sempre espaço para fantásticos jogadores que sejam pequenos mas, regra geral, nós precisamos presença física e é preciso velocidade para ter sucesso”.

Não concordo muito com estas últimas ideias do treinador inglês, penso que, embora a qualidade inicial seja importante, acho que podemos tornar um mau jogador em bom jogador ao nível cognitivo, isto é, compreensão do jogo. Também penso que o factor físico não é assim tão fundamental, talvez o seja um pouco mais no futebol inglês.

3 comentários:

Dennis Bergkamp disse...

o QPR foi das minhas equipas preferidas quando era miudo. Agora pensando nisso.. não sei bem porquê..

Interessante o artigo.

Também não concordo com os pontos que chamaste a atenção, principalmente nos jogadores mais novos, mesmo podendo prever, não se pode dizer com exactidão qual o tamanho que vão ter quando acabarem o crescimento, e alem disso, o futebol está cheio de exemplos de pequenos Grandes jogadores.

Nelson Oliveira disse...

Embora possa não concordar totalmente, percebo o técnico ingles.

1- É realmente difícil tonar um mau jogador num bom jogador. É verdade que é possível potencia-lo a vários níveis (cognitivo, motor, etc) mas daí a tornar-lo um jogador de "top" para jogar numa Liga competitiva (e aqui tanto me refiro a grandes campeonatos como uma 2a divisão inglesa) vai uma distância considerável.

2- A questão física. Sempre me opus aos que menosprezam os jogadores menos dotados fisicamente.
Mas a verdade é que hoje em dia a questão física faz realmente a diferença. Salvo algumas excepções (e daí considerar que na formação se devam "acolher" os miudos realmente talentosos que apresentem algumas debilidades físicas), o jogador modelo do futebol actual é um jogador mais robusto, com atributos físicos de elevado nível, etc.
Existirão sempre os Messis ou dentro de portas os Moutinhos, mas estes serão sempre a excepção.
Li uma entrevista do Queiroz que dizia que quando observa um potencial reforço avalia-o de acordo com aquilo que será o jogador de amanha.
Ora para mim o jogador de amanha é o Cris Ronaldo, é o Nani, é o Anderson, é o Bosingwa...etc. Não é uma questão de altura é uma questão de atributos físicos de excepção aliados a talento.
Não sei se me fiz entender.

Ricardo Damas disse...

Também sou da opinião que realmente é dificil tornar um mau jogador num bom jogador, mas isso é o nosso trabalho enquanto treinadores. Claro que ao nível técnico será mesmo muito dificil, mas no futebol nem todos são messis ou ronaldos, há sempre os gatusos, makelele, etc..

Quanto ao seleccionar pelo nível físico penso que deve ser visto como outro critério qualquer, por exemplo o simão não foi para o porto quando era miúdo porque era pequeno, este é apenas um dos muitos exemplos, há vários aspectos a avaliar num jogador. Como disse no artigo entendo a importancia dada à parte física, principalmente no futebol inglês, mas não deve ser visto como o factor principal, apenas como mais um.