Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

terça-feira, 6 de maio de 2008

DIÁRIO DE OBSERVADOR: Pais também têm culpa...

Nesta categoria, diário de observador, normalmente falo de situações com que me deparo em diversos jogos que vejo. Desta vez irei falar, não de um jogo mas, de uma situação que ocorreu durante um treino na escola de futebol da qual faço parte.

Neste momento ocupo um lugar, que alguns chamam de coordenador técnico, isto é sou eu que observo todos os treinos que estão a ocorrer e se necessário intervenho de modo a aumentar a qualidade dos mesmos.

A situação ocorreu na nossa turma de miúdos de 2001/2002. Nessa turma existem dois miúdos que são irmãos, um de 2001 outro de 2002. O miúdo mais velho teve alguns problemas de integração ali na nossa escola, no inicio chorava muito, isolava-se etc. Há uns meses entrou o irmão mais novo que se conseguiu integrar melhor, inclusive ajudou na integração do mais velho. Importa ainda referir que os pais acompanham sempre os miúdos, ficando a mãe na bancada a assistir enquanto o pai se coloca mesmo encostado à vedação que está a delimitar o campo.

Neste treino o mais novo apareceu com uma bolha no pé que lhe estava a provocar algumas dores e que o levou a abandonar o treino, indo ao encontro da mãe na bancada. O mais velho apercebendo-se disso começou a olhar constantemente para o pai e, a dada altura, o pai retirou-o do campo, sem informar o treinador e sem ser pelo sítio indicado para o fazer.

Prontamente intervimos chamando o pai e o jovem, esclarecemos que aquela não era a forma correcta de actuar, o miúdo começou logo a dizer que não queria mais treinar, queria ficar com o pai. Nós temos um psicólogo que acompanha o treino, que tentou conversar com o miúdo enquanto nós falávamos com o pai sobre os problemas que esse miúdo tinha para se integrar ali.

Chegando ao fim da conversa, conclui que o grande responsável pelo miúdo ser assim é do pai e passo a explicar. Este miúdo com 6 anos (faz sete brevemente) ainda não se veste uma única vez sozinho, é o pai que faz sempre essa tarefa, isto mostra que o miúdo é super protegido, ou se quiserem mimado pelo pai, não criou autonomias, esta dependente dele para tudo, essa é a razão para todos os seus problemas de integração.

Identificado o problema, cheguei à conclusão que tenho de ter atenção a essa situação, o treinador dessa turma não pode prejudicar o seu treino nem os outros miúdos. Assim, o treinador deixa de ter essa preocupação e irei ser eu a actuar em relação ao miúdo de forma a desligá-lo do pai e a torná-lo autónomo, esse meu trabalho será em conjunto com o psicólogo, embora cada um actue numa área diferente deste problema.

Estou a contar esta situação para mostrar que muitas vezes são os pais que “estragam” os filhos, como se costuma dizer, devemos “ensinar a pescar” mais do que “dar um peixe”.

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