
Neste momento ocupo um lugar, que alguns chamam de coordenador técnico, isto é sou eu que observo todos os treinos que estão a ocorrer e se necessário intervenho de modo a aumentar a qualidade dos mesmos.
A situação ocorreu na nossa turma de miúdos de 2001/2002. Nessa turma existem dois miúdos que são irmãos, um de 2001 outro de 2002. O miúdo mais velho teve alguns problemas de integração ali na nossa escola, no inicio chorava muito, isolava-se etc. Há uns meses entrou o irmão mais novo que se conseguiu integrar melhor, inclusive ajudou na integração do mais velho. Importa ainda referir que os pais acompanham sempre os miúdos, ficando a mãe na bancada a assistir enquanto o pai se coloca mesmo encostado à vedação que está a delimitar o campo.
Neste treino o mais novo apareceu com uma bolha no pé que lhe estava a provocar algumas dores e que o levou a abandonar o treino, indo ao encontro da mãe na bancada. O mais velho apercebendo-se disso começou a olhar constantemente para o pai e, a dada altura, o pai retirou-o do campo, sem informar o treinador e sem ser pelo sítio indicado para o fazer.
Prontamente intervimos chamando o pai e o jovem, esclarecemos que aquela não era a forma correcta de actuar, o miúdo começou logo a dizer que não queria mais treinar, queria ficar com o pai. Nós temos um psicólogo que acompanha o treino, que tentou conversar com o miúdo enquanto nós falávamos com o pai sobre os problemas que esse miúdo tinha para se integrar ali.
Chegando ao fim da conversa, conclui que o grande responsável pelo miúdo ser assim é do pai e passo a explicar. Este miúdo com 6 anos (faz sete brevemente) ainda não se veste uma única vez sozinho, é o pai que faz sempre essa tarefa, isto mostra que o miúdo é super protegido, ou se quiserem mimado pelo pai, não criou autonomias, esta dependente dele para tudo, essa é a razão para todos os seus problemas de integração.
Identificado o problema, cheguei à conclusão que tenho de ter atenção a essa situação, o treinador dessa turma não pode prejudicar o seu treino nem os outros miúdos. Assim, o treinador deixa de ter essa preocupação e irei ser eu a actuar em relação ao miúdo de forma a desligá-lo do pai e a torná-lo autónomo, esse meu trabalho será em conjunto com o psicólogo, embora cada um actue numa área diferente deste problema.
Estou a contar esta situação para mostrar que muitas vezes são os pais que “estragam” os filhos, como se costuma dizer, devemos “ensinar a pescar” mais do que “dar um peixe”.
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