Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

terça-feira, 22 de julho de 2008

DIÁRIO DE TREINADOR: Nada se faz por acaso...


Uma das vantagens que esta fase de férias tem é, existir mais tempo para pensar em determinados aspectos da nossa vida desportiva. É natural nesta fase existir um balanço final da época desportiva, um planeamento da próxima, etc. Eu não sou diferente embora o planeamento da próxima época ainda esteja dependente de algumas coisas.

Como já referi num post anterior tenho aproveitado também para ler alguns livros e artigos que me despertam interesse, continuo a elaborar um documento (quanto mais escrevo, mais tenho para escrever) e tenho também aproveitado para trocar ideias com algumas pessoas. Foi numa destas conversas que surgiu o tema para este post.

Num jantar com alguns treinadores, a dada altura da conversa chegámos ao tema do modelo de jogo, onde eu disse que tinha estado a pensar e que tinha alterado algumas coisas na tentativa de o melhorar, de o fazer evoluir. Uma das pessoas que estava presente questionou-me se eu estava sempre a alterar o meu modelo de jogo, que ele não o fazia que ele já tinha pensado no seu e que como para ele aquele era bom não o mudava.

Eu como treinador procuro ser sempre melhor, saber sempre mais e procuro sempre ter o modelo de jogo o mais evoluído possível, resumidamente foi isto que lhe respondi. Continuando fiquei a saber que o modelo de jogo dele tinha sido feito por outra pessoa, que ele tinha gostado e que assim também o utiliza. Agora eu pergunto, será isto o mais correcto?

Aposto que todos responderam que não, é aproveitar o trabalho de outra pessoa. Pois eu penso que mesmo que o modelo de jogo dele seja o melhor do mundo ele não será capaz de o por em prática da melhor maneira. Não basta apresentar o modelo de jogo aos jogadores num power point, temos de o por em prática, eu duvido que se uma pessoa copia um modelo de jogo saiba construir exercícios para o potenciar. Os treinadores são diferentes pela interpretação que fazem das coisas a que têm acesso. Por exemplo, há pessoas que compram aqueles livros de 1001 exercícios e pensam que está o trabalho feito. Se assim fosse errámos todos grandes treinadores.

Nada se faz por acaso, também uma boa equipa não se faz facilmente, temos de nos dedicar, de pensar sobre o que estamos a fazer...

1 comentário:

Dennis Bergkamp disse...

Boas Ricardo!

Acho que em relação a este tema, vai dar sempre aquela conversa de .. "o que sabes hoje chega-te?"

Na minha opinião o modelo de jogo tem de ser algo dinãmico.

Neste momento tenho um ideal sobre o que gostava que os meus miudos fizessem durante o ano que vem, um jogar ideal. Mas... sei que vão entrar miudos novos, que o verão vai fazer com que uns venham diferentes do que estavam, mais rapidos, mais fortes, mais altos, mais gordos, mais parvos.. isto e aquilo.

O modelo de jogo não pode nunca ser copiado, porque os jogadores não são iguais, as condições de treino também não, e a nossa maneira de ser e de estar enquanto treinadores, apesar de alguns de nós quererem estar em continua aprendizagem é também diferente. Não somos robots.

Logo, o nosso trabalho, para ser nosso, tem de ser criado por nós.

Claro que temos linhas orientadoras comuns, conversamos muito uns com os outros, as boas ideias de uns são boas ideias de muitos. Mas dai até o jogar ser igual.. o modelo de jogo ser igual. Não me parece algo que se deva cultivar.

Depois, outro aspecto que frisaste. O quereres evoluir o teu modelo de jogo. É esse o caminho. Ao atingir um patamar de jogo que a uns tempos consideravas ideal, aprendes-te que a estagnação não é necessária, os teus jogadores podem dar mais e tu também, logo... é necessario fazer evoluir esse modelo de jogo para que o desafio seja permanente.

Bom tópico!