Frases que dizem muito...

"A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física." (José Mourinho)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ENTREVISTAS: Xavi Hernandez

O futebol é mais do que 22 jogadores e uma bola. Há muito que defendo, e falo neste espaço, que os clubes devem criar uma filosofia, não podem andar ao sabor das vontades de um ou outro treinador, nem dos dirigentes que continuo a achar que são os menos preparados no nosso desporto para os cargos que ocupam. Se todos os treinadores ou árbitros têm de fazer variados cursos porque é que qualquer um pode ser dirigente e muitas vezes aproveitar-se do futebol? Enfim, outros assuntos.

Voltando ao tema, cada vez mais sou da opinião que é fundamental criar a tal filosofia de clube. Para reforçar esta ideia vou aproveitar a entrevista de um dos melhores jogadores do mundo, Xavi Hernandez.

O Barcelona é a equipa de referência para o Mundo neste momento, e Xavi diz que é bom que assim seja. Por uma questão de princípio. "É bom que o ponto de referência para o futebol mundial seja o Barcelona, ou seja a Espanha. Não só porque é nosso, mas por causa do que é. Porque é futebol de ataque, não é especulativo, não espera", refere.

O médio do Barcelona explica que isso começa desde cedo, em "La Masia". "Algumas academias de formação preocupam-se em ganhar, nós preocupamo-nos com a educação. Vemos um miúdo que levanta a cabeça, passa à primeira e pensamos: 'Sim, vai dar'. O nosso modelo foi imposto pelo Cruijff. É o modelo do Ajax. Anda tudo à volta de meiinhos. Rondo, rondo, rondo. Sempre, todos os dias. É o melhor exercício que há. Aprendemos a ser responsáveis e a não perder a bola. Se perdermos a bola vamos para o meio. Pum-pum-pum-pum, sempre um toque. Se vamos para o meio é humilhante, os outros riem-se de nós."

Xavi descreve a sua forma de jogar, "O que faço é procurar espaços. A toda a hora. Estou sempre à procura. A toda a hora, a toda a hora. Aqui? Não. Ali? Não. As pessoas que não jogaram nem sempre percebem como é difícil. Espaço, espaço, espaço. É como na PlayStation. Penso merda, o defesa está aqui, jogo para ali. Vejo o espaço e passo."

Sendo esta uma ideia de jogo assimilada pelos vários companheiros torna tudo mais fácil, diz Xavi. Que revela ainda, "Há tantas opções de passe. Às vezes, até penso para comigo: o não-sei-quem vai ficar aborrecido porque fiz três passes e ainda não lhe dei a bola. É melhor dá-la ao Dani Alves, porque ele já subiu pela ala três vezes. Quando o Messi não está envolvido, é como se ficasse aborrecido... e então o próximo passe é para ele."

Naturalmente, "O sucesso validou a nossa abordagem". "Fico feliz, de um ponto de vista egoísta, porque há seis anos eu estava extinto; os jogadores como eu estavam em vias de extinção. Resumia-se a jogadores de dois metros, força, no meio, derrubes, segundas bolas, ressaltos..."

"Sou um romântico. Gosto que o talento, a habilidade técnica, sejam valorizados sobre a condição física", admite. E recorda o duelo da época passada com o Inter de José Mourinho: "O resultado é um impostor. Podemos fazer as coisas muito bem - no ano passado fomos melhores que o Inter -, mas não ganhamos. Há algo maior que o resultado, mais duradouro. Um legado. O Inter ganhou a Liga dos Campeões, mas ninguém fala deles."

Xavi admite, no entanto, que o Barcelona precisa de resultados. "Se estivermos dois anos sem ganhar tem de mudar” mas conclui com a ideia fundamental, "Mas mudam os nomes, não a identidade."


2 comentários:

Anónimo disse...

Boas "mister" fico muito feliz por saber que continua ligado ao futebol jovem.Vou acompanhar o seu Blogue e partilhar das suas ideias e crónicas semanais.São pessoas assim que fazem falta ao futebol de formação em Portugal.Espero que tudo lhe corra bem e que continue a fazer aquilo que tão bem sabe fazer " formar jogadores". Um forte abraço! João Ferreira e Francisco Ferreira (que está aqui ao meu lado a cuscar o seu Blogue).

Carlos Couto disse...

Concordo completamente com a visão do Xavi. É o tipo de futebol que mais me agrada...e no qual me sinto melhor quando jogo futebol.